São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARREIRA

Além da clínica, graduado pode trabalhar com preparação de ração e vigilância sanitária

Veterinária cresce com agronegócio

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
O médico veterinário André Terra, que faz parte da parcela de graduados que ainda prefere a área clínica


ALEXANDRE NOBESCHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A crescente preocupação com a qualidade do produto agropecuário brasileiro abriu possibilidades de atuação para o médico veterinário. A avaliação é do presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Benedito Fortes Arruda. Na esteira do agronegócio, que gerou um saldo positivo na balança comercial brasileira de US$ 30 bilhões neste ano, aparecem os "braços" do mercado, que envolvem a reprodução, o tratamento e a alimentação.
"Há muita preocupação com questões relacionadas às carnes bovina e suína e às doenças que cercam a criação, como a vaca louca, a febre aftosa e a hantavirose", afirma Arruda.
Esses segmentos, segundo o presidente, demonstram como é ultrapassada a idéia de que o veterinário irá cuidar apenas do tratamento de animais domésticos e de grande porte.
"É comum, até entre os novos alunos, esse tipo de pensamento [de que irá apenas tratar de animais]. Mas, no decorrer do curso, eles notam que há outras possibilidades", diz Roberto Calderon Gonçalves, coordenador da veterinária da Unesp em Botucatu.
No entanto, de acordo com o coordenador, há ainda uma grande parcela dos graduados que tem preferência por trabalhar com o atendimento clínico e o cirúrgico. "Muitos alunos procuram a clínica ou a cirurgia pela independência que proporcionam."
É o caso do veterinário André Pretulon Terra, 25, que é residente no hospital veterinário da Universidade de Marília, na qual se formou no ano passado.
Durante a graduação, André procurou fazer estágios para complementar o estudo teórico e, mesmo depois de formado, se propôs a passar um mês em uma clínica de radiologia na capital paulista. "Foi algo em que não pude me aprofundar durante a universidade e, agora, tenho a oportunidade de melhorar meu nível profissional nessa área da veterinária", conta André, que, apaixonado pela carreira, guarda em seu computador centenas de fotos de animais que já tratou.

Controle
Atualmente, de acordo com o conselho, existem aproximadamente 65 mil veterinários atuantes. Desse total, 80% estão na iniciativa privada, e apenas 20% trabalham em órgãos públicos, como fiscais da Vigilância Sanitária.
Segundo Gonçalves, da Unesp, São Paulo possui um bom mercado, mas há regiões, como o Norte e o Nordeste, que têm carência de médicos veterinários.
Para regulamentar a profissão, o conselho aplica um exame que avalia se o graduado poderá atuar na área. São duas datas de prova, a primeira é em janeiro, e a segunda, em agosto.
Na última avaliação deste ano, a reprovação chegou a 40%. "Esse é um número preocupante", diz o coordenador do curso da Unesp. Segundo ele, o exame tem cumprido bem o papel de controlar a capacitação dos profissionais que chegam ao mercado.
Gonçalves diz ainda que a avaliação é uma forma de evitar a mercantilização dos cursos. "Vejo que a prova melhora ano a ano e que esse exame deve permanecer, como a prova da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]. Se deixar livre [a formação], ninguém vai acreditar no profissional que está no mercado."


Texto Anterior: Atualidades: O terrorismo e o monopólio do medo
Próximo Texto: Vendas são oportunidades de trabalho
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.