São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004
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AULA PARTICULAR

Para estudantes e psicólogos, acompanhamento especial ajuda a aumentar segurança

Ensino individual tira dúvida específica

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Os irmãos Bruno e Caio Normande Colombo e o professor particular Sérgio de Castro Junior


MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Insegurança, preocupação com as segundas fases das provas, necessidades específicas ou exigência dos pais. São diversos os motivos que levam o vestibulando a procurar um professor particular paralelamente ao cursinho.
Os gêmeos Bruno e Caio Normande Colombo, 18, fazem cursinho e, neste mês, começaram também a ter aulas particulares. Bruno vai prestar medicina e busca, com as aulas de matemática, física e química, exercícios mais aprofundados para a segunda fase da Fuvest e para as questões dissertativas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Caio quer ser advogado e, apesar de ter as aulas com o irmão, as faz com outro objetivo. "Acho que tenho deficiência em algumas matérias importantes, já que fizemos intercâmbio no segundo ano do ensino médio", disse Caio.
Ele ressalta ainda que o cursinho, por melhor que seja, não ensina, apenas revisa. "Quem não aprendeu direito tem dificuldade de acompanhar o ritmo. É uma revisão de três anos em um."

Correção em massa
Christiane Sasaoka, 18, vai prestar vestibular para medicina e também concilia o cursinho com aulas particulares. Há um mês, ela começou a fazer um curso de redação com a professora Margarete Dias Pulido. "São quase cem alunos na minha sala e, por mais que o professor seja bom, não tem como comentar com cada um os erros das redações. É uma correção em massa", disse Sasaoka.
Pulido, que dá aulas particulares para vestibulandos há 15 anos, usa o mesmo argumento da estudante para justificar a importância do acompanhamento particular. "A redação não trabalha com gabarito. No cursinho, ensina-se a teoria, mas falta o mais importante, que é o acompanhamento individual, os comentários específicos de cada ponto do texto."
Para o professor Sérgio de Castro Júnior, que há 20 anos leciona matemática, física e química e que há cinco anos montou um escritório de acompanhamento particular, o mais importante é o ritmo de aprendizagem de cada aluno e, principalmente, o fator insegurança, muito normal em adolescentes. "São jovens, vão se apaixonar, perder festas para estudar e ter crises de identidade. Tudo isso no meio da pressão do vestibular. Quanto mais puder ser feito para lhes dar segurança, melhor", afirma Castro Júnior.
"É válido buscar ajuda para estudar. O que o aluno não pode é eliminar da agenda os momentos de lazer", diz Leo Fraiman, especialista em psicologia escolar.

Mais segurança
Os professores de cursinho, no entanto, dizem achar suficiente o que é passado em sala de aula. "Orientamos os alunos como devem estudar em casa e temos um plantão de dúvidas para o que não foi entendido na aula. É mais do que suficiente", diz Nicolau Marmo, coordenador do Anglo.
Para Luís Carlos Bellinello, coordenador de biologia do Objetivo, o essencial é o aluno confiar no trabalho do professor. "Os professores de cursinho têm muitos anos de experiência com vestibulares, e é com esse conhecimento que é feita a grade de aulas. Se o aluno confiar e acreditar nisso, não precisa de aula particular. Mas cada caso é um caso."
O psicólogo Paulo Motta, coordenador do centro de orientação vocacional da Unesp de Assis, lembra que muitas vezes a ajuda do professor particular significa uma dose extra de segurança, vinda não de um método diferente de ensino ou do conteúdo em si, mas do fator psicológico. "Qualquer ensino individualizado dá ao aluno uma sensação maior de segurança, de que tudo foi entendido. É um efeito psicológico mesmo, e absolutamente normal no ser humano. E nesse caso também é válido", afirma.
Felipe Arruda, 19, está no segundo ano de psicologia na USP e diz acreditar que as aulas particulares de matemática e de português que teve enquanto fazia cursinho o ajudaram muito na questão da confiança.
"Achava que o cursinho não era suficiente para enfrentar essas matérias na segunda fase. Hoje acho que foi uma boa escolha."


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