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ATUALIDADES
Cuba e as vítimas do "paredón"
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
José Saramago, o escritor português ganhador do Prêmio
Nobel de Literatura de 1998, notório defensor do regime cubano e
amigo pessoal do comandante Fidel Castro, declarou num artigo
publicado no jornal espanhol "El
País": "Cuba (...) perdeu minha
confiança, arrasou minhas esperanças e frustrou minhas ilusões".
O escritor se referia ao fato
ocorrido em 2 de abril último,
quando, depois de um julgamento sumário por um tribunal especial, três seqüestradores cubanos
de uma balsa com 50 pessoas a
bordo foram condenados à morte
e fuzilados. Os seqüestradores
pretendiam chegar aos Estados
Unidos e pedir asilo político.
Ao mesmo tempo, o governo
cubano condenou cerca de 75
opositores do regime, a maioria
intelectuais, a penas que variam
de seis a 28 anos de prisão. Autoridades do governo garantiram que
os condenados tinham ligações
com James Cason, chefe da Seção
de Interesses Americanos em Cuba (Sina), acusado de contribuir
para o recrudescimento das relações Havana-Washington.
Surpreendido, assim como Saramago, o mundo protesta contra
o "paredón" e o julgamento sumário daqueles que se opõem ao
regime de Fidel Castro. Produto
da histórica Revolução Cubana,
de 1959, que colocou fim à ditadura de Fulgêncio Batista, os tribunais públicos especiais, do ponto
de vista de Fidel, "são uma ordem
popular gravada nas paredes da
revolução".
Fidel Castro continua advertindo eventuais criminosos de que
"não devem esperar clemência do
Estado, pois o mal deve ser arrancado pela raiz". Os "falcões de Havana" não toleram a oposição interna, rejeitam a democracia e punem a liberdade. Talvez inspirados pela Doutrina Bush, defendem a "ação preventiva" contra
aqueles que representam perigo
para a sobrevivência do regime.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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