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HISTÓRIA
A "pax" que o imperialismo deseja
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Depois de mais de dois séculos
de guerras e conquistas, os romanos queriam a paz. O Império
Romano era então governado por
Caio Otávio, militar que conseguiu estabelecer um conjunto de
apoios políticos e militares e se
sustentar no poder por pouco
mais de 40 anos.
As forças militares foram fundamentais para a estabilização do
poder; apesar de não ser um grupo coeso, o Exército era visto
como responsável pelas grandes
conquistas e, em grande parte,
estava associado aos mercadores
mais ricos. Na prática, existiam
vários Exércitos, porém uma
elite militar estava vinculada
diretamente ao poder: a Guarda
Pretoriana.
Grande parte da plebe marginalizada, ávida por "pão e circo"
(naquele tempo não havia Coca-Cola), alienada, acreditava na inferioridade dos povos dominados, incluindo os judeus e, mais
tarde, os cristãos. Mesmo assim,
naquela época, ainda era possível
ver um império assimilando a
cultura de um povo conquistado.
Os mercadores tiveram grande
importância para a consolidação
do poder imperial. Foi a partir do
governo de Otávio que passaram
a ter efetivamente direitos políticos, uma vez que a sociedade foi
dividida segundo critério censitário. Do ponto de vista econômico,
foi a camada que mais se desenvolveu a partir da exploração do
comércio interprovincial, usando
principalmente o Mediterrâneo
-o Mare Nostrum- como rota.
Parte dos antigos senadores patrícios aderiu à nova ordem. Se
por um lado deixaram de monopolizar o poder, por outro conseguiram preservar privilégios sociais e alguns direitos políticos,
pois Otávio manteve o Senado
funcionando, fazendo com que o
Império tivesse uma "aparência
republicana".
A política externa do primeiro
imperador foi marcada pela estatização da arrecadação tributária,
pela imposição das leis romanas,
pelo combate à pirataria no Mediterrâneo e pela repressão aos movimentos de resistência que existiam nas províncias dominadas.
Era a "pax romana", uma paz imposta pela força, marcada pela
violência e pela romanização dos
povos das províncias que resistiam ao Império e que, ao mesmo
tempo, garantia o controle sobre
os principais centros produtores
de minérios e cereais (naquela
época não havia petróleo).
Dica: estabeleça um paralelo entre a imposição de valores na época do Império Romano e no período contemporâneo da história.
Claudio B. Recco é professor de história, coordenador do site www.historia net.com.br e autor do livro "História em
Manchete - O Início do Século"
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