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FÍSICA
Hollywood e a física - 1
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
As grandes produções cinematográficas de Hollywood nos
impressionam pela atuação dos
super-heróis, dos espetaculares
efeitos visuais e sonoros, da eficiência das espadas a laser, da fascinante possibilidade de viajar para o futuro ou de voltar para o
passado. Porém, às vezes, esses
incríveis efeitos e fatos contrariam princípios físicos básicos.
Algumas criaturas, por exemplo, não poderiam viver fora de
seu habitat, como é o caso de
monstros gigantescos que têm
seus corpos adaptados à vida
aquática, isto é, sujeitos ao empuxo. Ao saírem desse meio, eles
simplesmente seriam esmagados
pelo próprio peso. Em outros filmes de ficção científica, como
"Guerra nas Estrelas", várias cenas de combates espaciais apresentam explosões com estrondos
impressionantes, tudo isso no vácuo do espaço sideral. O erro
científico cometido nessas cenas
decorre do fato de que o som, sendo uma onda que se transmite
através das vibrações mecânicas
de um determinado meio, não
poderia propagar-se no vácuo. É
claro que os erros científicos cometidos pelos filmes desse gênero
são quase sempre aceitos pelos telespectadores ou passam despercebidos.
Entretanto uma das questões do
vestibular da UFSCar/2003 solicitava aos alunos que verificassem
uma violação ao princípio da conservação da energia no filme "Armageddon". Na película, o corajoso personagem interpretado pelo ator Bruce Willis e um grupo de
perfuradores de petróleo deveriam colocar em um asteróide que
se encontrava em rota de colisão
com a Terra um artefato nuclear
capaz de liberar uma energia de
nove megatons (cerca de 4x1014
joules), suficiente para explodir e
dividir o enorme bólido.
Segundo informações fornecidas no filme, o gigantesco asteróide era esférico, com uma massa
de 1022kg e deveria ser dividido em
duas metades de igual massa. Para não se chocarem com a Terra,
os fragmentos deveriam adquirir
uma velocidade mínima de 2
km/s cada um em relação ao centro de massa do asteróide. Ora, se
calcularmos a energia cinética adquirida por esses fragmentos após
a explosão usando a expressão:
ECINÉTICA=M .V2/2, encontraremos
o valor de 2x1028 joules. Como essa
quantidade de energia é 50T (tera=1012) vezes maior do que a fornecida pelo artefato nuclear, confirmamos uma flagrante violação
do princípio de conservação da
energia. Dessa forma, o asteróide
não conseguiria ser dividido, e a
Terra não teria sido salva! Voltaremos ao assunto na próxima coluna. Até lá!
Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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