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      São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003
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HISTÓRIA

O liberalismo da burguesia européia

CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Durante a Idade Moderna, a burguesia se constituiu em classe social ascendente, vinculada ao desenvolvimento comercial, que, por sua vez, esteve apoiado nas práticas mercantilistas e no Estado absolutista. Do ponto de vista político, o "ser moderno" defendia o poder real absoluto.
No século 17, surgiu uma nova mentalidade, que norteou as ações políticas e econômicas da burguesia. Na Inglaterra, a luta pela preservação dos direitos do Parlamento foi responsável pela ampliação da própria noção de direitos. As revoluções Puritana e Gloriosa permitiram que a burguesia tomasse a liderança da organização do Estado e, em nome da liberdade, instituísse uma nova ordem política e econômica, considerada liberal.
Foi no século18 que o Iluminismo se estruturou como um movimento intelectual definido. A partir da França, o movimento irradiou-se por toda a Europa, questionando as estruturas do Antigo Regime, ou seja, criticando o absolutismo, o mercantilismo, os privilégios de origem feudal concedidos à nobreza e ao clero e a intolerância religiosa.
A revolução científica que se processava na Europa, baseada nas idéias de razão, movimento e progresso e associada às contradições da época, responsáveis pelo privilégio das camadas mais retrógradas da sociedade, impeliu a burguesia à formação de uma nova estrutura mental. Rejeitavam a velha ordem e defendiam a liberdade, a igualdade e o direito à propriedade privada.
Tomavam a idéia de liberdade em sentido amplo, de expressão, de organização tanto política como religiosa, e a de igualdade, em sentido restrito, jurídica, em que todos os cidadãos são iguais perante as leis, em que o Estado deve preservar a liberdade individual. O liberalismo garante as diferenças entre os homens, que passam a ser justificadas pela mentalidade capitalista, segundo a qual aqueles que trabalham e progridem adquirem mais direitos políticos.
A propriedade privada é vista em sentido político, com liberdade de ação econômica, diferentemente do que ocorria com as práticas mercantilistas. A idéia de propriedade privada não se refere aos meios de produção ou a bens materiais, mas ao direito de exercer o controle de seus negócios de acordo com seus interesses particulares, e não mais do Estado, até então onipotente e onipresente.
Dica: Compare o conceito de liberdade da Idade Moderna com o da Idade Contemporânea.


Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do Curso Objetivo e autor do livro "História em Manchete - na Virada do Século"


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