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HISTÓRIA
O liberalismo da burguesia européia
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Durante a Idade Moderna, a burguesia se constituiu em classe
social ascendente, vinculada ao
desenvolvimento comercial, que,
por sua vez, esteve apoiado nas
práticas mercantilistas e no Estado absolutista. Do ponto de vista
político, o "ser moderno" defendia o poder real absoluto.
No século 17, surgiu uma nova
mentalidade, que norteou as
ações políticas e econômicas da
burguesia. Na Inglaterra, a luta
pela preservação dos direitos do
Parlamento foi responsável pela
ampliação da própria noção de
direitos. As revoluções Puritana e
Gloriosa permitiram que a burguesia tomasse a liderança da organização do Estado e, em nome
da liberdade, instituísse uma nova
ordem política e econômica, considerada liberal.
Foi no século18 que o Iluminismo se estruturou como um movimento intelectual definido. A partir da França, o movimento irradiou-se por toda a Europa, questionando as estruturas do Antigo
Regime, ou seja, criticando o absolutismo, o mercantilismo, os
privilégios de origem feudal concedidos à nobreza e ao clero e a intolerância religiosa.
A revolução científica que se
processava na Europa, baseada
nas idéias de razão, movimento e
progresso e associada às contradições da época, responsáveis pelo
privilégio das camadas mais retrógradas da sociedade, impeliu a
burguesia à formação de uma nova estrutura mental. Rejeitavam a
velha ordem e defendiam a liberdade, a igualdade e o direito à propriedade privada.
Tomavam a idéia de liberdade
em sentido amplo, de expressão,
de organização tanto política como religiosa, e a de igualdade, em
sentido restrito, jurídica, em que
todos os cidadãos são iguais perante as leis, em que o Estado deve
preservar a liberdade individual.
O liberalismo garante as diferenças entre os homens, que passam
a ser justificadas pela mentalidade
capitalista, segundo a qual aqueles que trabalham e progridem
adquirem mais direitos políticos.
A propriedade privada é vista
em sentido político, com liberdade de ação econômica, diferentemente do que ocorria com as práticas mercantilistas. A idéia de
propriedade privada não se refere
aos meios de produção ou a bens
materiais, mas ao direito de exercer o controle de seus negócios de
acordo com seus interesses particulares, e não mais do Estado, até
então onipotente e onipresente.
Dica: Compare o conceito de liberdade da Idade Moderna com o
da Idade Contemporânea.
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br, professor do
Curso Objetivo e autor do livro "História em Manchete - na Virada do Século"
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