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EM BUSCA DO SONHO
Manter-se informado e buscar apoio de amigos é fundamental
CURSINHOS POPULARES E GRUPOS DE ESTUDO SÃO ALTERNATIVAS PARA MELHORAR CONHECIMENTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Falta de tempo para os estudos,
poucos recursos para pagar as
mensalidades de um cursinho e as
taxas de inscrição dos vestibulares, além da concorrência de alunos de escolas particulares. Essas
são algumas das barreiras que
muitos estudantes brasileiros enfrentam para tentar conquistar
uma vaga na universidade.
O feirante Roberto Laureano está entre aqueles que buscam superar esses obstáculos na tentativa
de fazer um curso superior. Seu
dia começa às 4h, quando toma o
café da manhã e se prepara para o
trabalho. Só voltará para casa depois das 17h e ainda enfrentará
mais uma jornada até as 22h: as
aulas do terceiro ano do ensino
médio em uma escola pública.
"Voltei a estudar somente agora,
pois, em 1986, perdi quatro dedos
da mão em uma prensa na fábrica
onde trabalhava."
Apesar dessas dificuldades,
Laureano mantém uma idéia fixa:
"Quero cursar arquitetura. Gosto
do que faço e da relação com as
pessoas na feira, mas ser arquiteto
é o meu sonho". Para isso, ele reservou as manhãs das sextas e das
segundas-feiras, quando se dedica aos estudos. Procura vencer essa batalha com a ajuda da noiva,
Ana Paula Maximino dos Santos,
21, que pretende ingressar no curso de tecnologia de edificação.
"Pegamos livros emprestados de
amigos que já passaram pelo vestibular para complementar os
nossos estudos", diz Ana Paula.
O casal diz que, em conjunto, é
mais fácil esclarecer dúvidas e
aprofundar a discussão sobre certos temas. No ano passado, Ana já
havia enfrentado o exame vestibular. "Foi difícil, pois eram exigidos conhecimentos que eu não tinha. Havia questões sobre atualidades e notícias de jornal. Eu não
sabia que esses assuntos eram pedidos. Hoje, estou mais atenta."
O apoio dos amigos também foi
fundamental para Marcelo da Silva Gutierres, 30, que entrou na
USP e hoje cursa o segundo ano
de jornalismo. "Não sabia sequer
o que era um cursinho, até que
um amigo me levou até um deles." Ele diz que outros alunos o
ajudaram a estudar disciplinas
em que tinha dificuldade, como
matemática. "Nunca fiquei envergonhado de demonstrar que não
tinha conhecimento sobre alguns
assuntos. Assim, as pessoas podiam identificar as minhas deficiências e colaboravam comigo."
Gutierres tentou passar no vestibular durante cinco anos. "Não
foi uma tarefa fácil. Mas, a cada
prova, conseguia visualizar o resultado do meu esforço. Entrar na
universidade seria apenas uma
questão de tempo."
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