São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM BUSCA DO SONHO

Manter-se informado e buscar apoio de amigos é fundamental

CURSINHOS POPULARES E GRUPOS DE ESTUDO SÃO ALTERNATIVAS PARA MELHORAR CONHECIMENTOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Falta de tempo para os estudos, poucos recursos para pagar as mensalidades de um cursinho e as taxas de inscrição dos vestibulares, além da concorrência de alunos de escolas particulares. Essas são algumas das barreiras que muitos estudantes brasileiros enfrentam para tentar conquistar uma vaga na universidade.
O feirante Roberto Laureano está entre aqueles que buscam superar esses obstáculos na tentativa de fazer um curso superior. Seu dia começa às 4h, quando toma o café da manhã e se prepara para o trabalho. Só voltará para casa depois das 17h e ainda enfrentará mais uma jornada até as 22h: as aulas do terceiro ano do ensino médio em uma escola pública. "Voltei a estudar somente agora, pois, em 1986, perdi quatro dedos da mão em uma prensa na fábrica onde trabalhava."
Apesar dessas dificuldades, Laureano mantém uma idéia fixa: "Quero cursar arquitetura. Gosto do que faço e da relação com as pessoas na feira, mas ser arquiteto é o meu sonho". Para isso, ele reservou as manhãs das sextas e das segundas-feiras, quando se dedica aos estudos. Procura vencer essa batalha com a ajuda da noiva, Ana Paula Maximino dos Santos, 21, que pretende ingressar no curso de tecnologia de edificação. "Pegamos livros emprestados de amigos que já passaram pelo vestibular para complementar os nossos estudos", diz Ana Paula.
O casal diz que, em conjunto, é mais fácil esclarecer dúvidas e aprofundar a discussão sobre certos temas. No ano passado, Ana já havia enfrentado o exame vestibular. "Foi difícil, pois eram exigidos conhecimentos que eu não tinha. Havia questões sobre atualidades e notícias de jornal. Eu não sabia que esses assuntos eram pedidos. Hoje, estou mais atenta."
O apoio dos amigos também foi fundamental para Marcelo da Silva Gutierres, 30, que entrou na USP e hoje cursa o segundo ano de jornalismo. "Não sabia sequer o que era um cursinho, até que um amigo me levou até um deles." Ele diz que outros alunos o ajudaram a estudar disciplinas em que tinha dificuldade, como matemática. "Nunca fiquei envergonhado de demonstrar que não tinha conhecimento sobre alguns assuntos. Assim, as pessoas podiam identificar as minhas deficiências e colaboravam comigo."
Gutierres tentou passar no vestibular durante cinco anos. "Não foi uma tarefa fácil. Mas, a cada prova, conseguia visualizar o resultado do meu esforço. Entrar na universidade seria apenas uma questão de tempo."


Texto Anterior: Em busca do sonho: Vestibulandos carentes enfrentam duplo desafio
Próximo Texto: Estudante planeja fazer reserva para despesas com o início do curso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.