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      São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003
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FÍSICA

O experimento de Michelson-Morley

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os resultados de várias experiências científicas às vezes contrariam as expectativas de seus idealizadores, mas essas mesmas conclusões inesperadas abrem perspectivas para novas teorias e postulados. É o caso do experimento de Michelson-Morley.
Até o final do século 19, era inconcebível admitir a propagação das ondas luminosas no vazio absoluto. Acreditava-se haver uma substância sutil e misteriosa, denominada éter, que, de alguma forma, penetrava os poros de todos os corpos e enchia todo o espaço, através da qual a luz podia propagar-se. Segundo a teoria, a luz proveniente do Sol e das outras estrelas conseguia nos atingir sob a forma de vibração do éter. Esse incrível fluido ainda oferecia a resposta para a busca do centro imóvel do mundo, agora substituído pelo éter onipresente, que se encontrava em repouso no espaço absoluto.
Havia discussão considerável, em fins do século 19, sobre como o movimento da Terra através do éter afetaria a velocidade das ondas luminosas. Albert A. Michelson, físico americano, inventou um aparelho (o interferômetro de Michelson) capaz de estabelecer a influência desse movimento sobre a velocidade da luz.
Em 1887, Michelson e o químico Edward W. Morley conduziram uma experiência, minuciosamente planejada, com o objetivo de demonstrar a realidade do éter. O experimento consistia em enviar dois feixes luminosos que percorressem a mesma distância, um paralelo e outro perpendicular ao movimento da Terra em órbita. A idéia era demonstrar que, se a velocidade da luz se somasse à da Terra, o intervalo de tempo para os dois feixes percorrerem essa mesma distância seria diferente e, portanto, isso comprovaria a presença do éter.
Ambos esperavam, como praticamente todos os seus contemporâneos, encontrar essa diferença. Entretanto o resultado foi uma surpresa! Apesar das inúmeras tentativas cuidadosas, realizadas em épocas diferentes do ano, não foi observada nenhuma influência do movimento terrestre na velocidade da luz.
Estava demonstrado experimentalmente que o éter não existia e que a luz se propagava com a mesma velocidade em qualquer direção. Esses conceitos foram incorporados e ampliados, anos depois (1905), por Einstein, ao apresentar a teoria da relatividade restrita, que revolucionou conceitos como tempo, espaço, massa e energia.


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja

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