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FÍSICA
O experimento de Michelson-Morley
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os resultados de várias experiências científicas às vezes contrariam as expectativas de seus idealizadores, mas essas mesmas conclusões inesperadas abrem perspectivas para novas teorias e postulados. É o caso do experimento
de Michelson-Morley.
Até o final do século 19, era inconcebível admitir a propagação
das ondas luminosas no vazio absoluto. Acreditava-se haver uma
substância sutil e misteriosa, denominada éter, que, de alguma
forma, penetrava os poros de todos os corpos e enchia todo o espaço, através da qual a luz podia
propagar-se. Segundo a teoria, a
luz proveniente do Sol e das outras estrelas conseguia nos atingir
sob a forma de vibração do éter.
Esse incrível fluido ainda oferecia
a resposta para a busca do centro
imóvel do mundo, agora substituído pelo éter onipresente, que se
encontrava em repouso no espaço absoluto.
Havia discussão considerável,
em fins do século 19, sobre como
o movimento da Terra através do
éter afetaria a velocidade das ondas luminosas. Albert A. Michelson, físico americano, inventou
um aparelho (o interferômetro de
Michelson) capaz de estabelecer a
influência desse movimento sobre a velocidade da luz.
Em 1887, Michelson e o químico
Edward W. Morley conduziram
uma experiência, minuciosamente planejada, com o objetivo de
demonstrar a realidade do éter. O
experimento consistia em enviar
dois feixes luminosos que percorressem a mesma distância, um
paralelo e outro perpendicular ao
movimento da Terra em órbita. A
idéia era demonstrar que, se a velocidade da luz se somasse à da
Terra, o intervalo de tempo para
os dois feixes percorrerem essa
mesma distância seria diferente e,
portanto, isso comprovaria a presença do éter.
Ambos esperavam, como praticamente todos os seus contemporâneos, encontrar essa diferença.
Entretanto o resultado foi uma
surpresa! Apesar das inúmeras
tentativas cuidadosas, realizadas
em épocas diferentes do ano, não
foi observada nenhuma influência do movimento terrestre na velocidade da luz.
Estava demonstrado experimentalmente que o éter não existia e que a luz se propagava com a
mesma velocidade em qualquer
direção. Esses conceitos foram incorporados e ampliados, anos depois (1905), por Einstein, ao apresentar a teoria da relatividade restrita, que revolucionou conceitos
como tempo, espaço, massa e
energia.
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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