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      São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003
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CARREIRA/TERAPIA OCUPACIONAL

UM DOS OBJETIVOS DA PROFISSÃO É CONSEGUIR MAIS AUTONOMIA PARA A VIDA DO PACIENTE

Atividade visa à reabilitação física, mental e social

Luciana Cavalcanti/Folha Imagem
Ronaldo de Jesus Vicente faz exercício durante sessão de terapia ocupacional na AACD, em SP


ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pode até acontecer de um terapeuta ocupacional coordenar atividades como crochê para senhoras idosas ou esculturas em argila para doentes mentais. Entretanto, mais do que apenas distrair os pacientes, essas práticas têm sempre algum objetivo, como ajudar na reabilitação da mão da senhora ou na reinserção dos doentes na sociedade.
O terapeuta ocupacional, ou T.O., como é conhecido, utiliza as atividades -sejam motoras, sejam mentais- na reabilitação física, mental e social dos pacientes, visando a maior autonomia possível em seu cotidiano. Alguém que sofre um acidente e perde os movimentos da cintura para baixo, por exemplo, irá fazer atividades que o ajudem a tomar banho sozinho e a locomover-se.
"Todas as atividades têm uma finalidade. Por exemplo, nós fazemos um determinado trabalho para que os músculos do braço sejam fortalecidos, e o paciente consiga levar a mão até a boca para comer sozinho", disse Françoise Sauron, terapeuta ocupacional da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).

Reabilitação física
O primeiro passo do trabalho do terapeuta ocupacional é fazer um diagnóstico das funções que foram afetadas. A partir disso, é possível saber o que ele será capaz de desenvolver no tratamento e quais são as prioridades do paciente. "Algumas coisas é possível que não dê para ele fazer. Se alguém só mexe a cabeça, não poderá se vestir sozinho, mas poderá usar o computador para trabalhar", disse Sauron.
Além de atuar com as atividades propriamente ditas, outra tarefa do terapeuta ocupacional que trabalha na área de reabilitação física é desenvolver adaptações especiais nos utensílios de acordo com o problema específico do paciente. Dependendo de quais movimentos foram prejudicados, ele pode precisar de uma colher diferente das comuns. O terapeuta pensa na adaptação e também fabrica o objeto.
Como os problemas de cada indivíduo são diferentes e cada um tem a sua necessidade, o terapeuta ocupacional tem de desenvolver atividades e utensílios específicos. "É preciso muita criatividade. Cada pessoa atendida traz situações novas, que requerem respostas novas", disse Elizabeth Lima, professora do curso da USP.

Saúde mental
Outra área de atuação do terapeuta ocupacional é a de saúde mental, na qual as atividades ajudam, por exemplo, na reinserção social dos pacientes. Essa foi a área escolhida por Luciana Cristina de Alcântara, 30, que coordena a oficina agrícola do Serviço de Saúde Cândido Ferreira.
Lá, os pacientes que já não estão em fase aguda da doença trabalham em atividades como jardinagem, horta e floricultura, recebendo um salário e tendo regras e rotina. "O usuário tem de entrar no esquema de trabalho: acordar cedo, cumprir horário e tarefas. Ele faz o que quiser com o salário dele. Com isso ele ganha autonomia e aumenta seu trânsito na sociedade", disse Luciana Alcântara, formada pela PUC-Campinas.
O terapeuta ocupacional também pode atuar com pessoas em situação de risco social, como moradores de rua e menores carentes, além de desenvolver atividades dentro de penitenciárias.
Segundo Gloria Velasco-Maroto, coordenadora da graduação da UFSCar, o terapeuta também tem sido contratado por empresas para analisar como os produtos são utilizados pelos consumidores. "Ele vê, por exemplo, qual deve ser o diâmetro e a forma de um lápis para que ele seja pego com mais facilidade, ou qual a cor que um brinquedo deve ter para motivar mais uma criança."
Em empresas, o terapeuta também pode fazer análises e modificações nas atividades dos trabalhadores para evitar que eles desenvolvam problemas como LER (lesões por esforço repetitivo).


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