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HISTÓRIA
A espada, a cruz e a construção do Novo Mundo
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Para os homens da Antiguidade
clássica, "civilizar" era construir cidades. Para os europeus da
época moderna, "civilizar" implicava expandir a fé cristã. Para a
igreja, a propagação do cristianismo no Novo Mundo era decisiva,
pois, assim, ela esperava compensar a perda de influência na Europa em virtude da reforma religiosa do século 16. Atendia também
aos interesses dos Estados nacionais, pois o ensinamento dos valores cristãos era uma forma eficaz de controle dos corações e das
mentes das populações nativas.
A tarefa árdua e arriscada de divulgação da fé na América espanhola e portuguesa coube à Ordem dos Jesuítas, estes conhecidos como os "soldados de Cristo"
devido à disciplina e à rígida hierarquia a que eram submetidos.
No Brasil, a ação missionária
dos jesuítas teve início com os padres Anchieta e Manoel da Nóbrega, que chegaram a Salvador
em 1549 junto com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza.
Os primeiros resultados da
atuação da Ordem vieram no plano educacional, com a fundação
dos seus colégios em Vitória, São
Paulo, Salvador e São Vicente.
No plano religioso, a atuação
dos jesuítas visava basicamente
proporcionar serviços religiosos
aos colonos (missas, confissões,
casamentos) e catequizar os nativos. A catequese realizava-se por
meio de ações isoladas dos padres
nas aldeias, da educação dos meninos índios nos colégios ou, em
grande escala, nas missões.
As missões eram comunidades
indígenas reagrupadas pelos jesuítas, cuja organização se baseava no trabalho coletivo, na exploração agrícola e na pecuária. As
mais importantes surgiram nas
regiões do atual Estado do Mato
Grosso do Sul e das atuais fronteiras do Brasil com o Paraguai, com
a Argentina e com o Uruguai.
Além de catequizar os índios, as
missões visavam gerar recursos
para que a Ordem ampliasse seu
poder e sua capacidade de evangelização. A exploração do trabalho dos nativos nas missões gerou
conflitos violentos, pois os colonos mais pobres, sem recursos
para comprar africanos, chegaram a invadi-las para escravizar
os índios. Apesar disso, o poder
da Ordem não parou de crescer
na colônia, na estrutura da igreja e
no Estado imperial português -a
tal ponto que o marquês de Pombal, em 1759, expulsou os jesuítas
do Brasil e de Portugal para retomar pleno poder sobre o Estado.
Ao fim, os jesuítas cumpriram o
papel de lançar os alicerces da
evangelização no Brasil, contribuindo para transformá-lo no
maior país católico do mundo.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC.
Email: roberson.co@uol.com.br
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