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QUÍMICA
"Café quentinho a qualquer hora"
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Está chegando ao Brasil o café
"hot when you want" (em português, "quente quando você quiser"), da Nescafé, desenvolvido na
Universidade de Southampton,
Inglaterra. Basta apertar um botão no fundo da lata, esperar três
minutos e pronto! Café quentinho
(a 60C) por 20 minutos! Mas como isso é possível? Só pode ser alguma tecnologia de última geração... Será? Vamos conferir.
O café é aquecido pelo calor liberado numa reação que acontece ao apertarmos o botão no fundo da lata. É que toda substância
tem uma certa energia armazenada em seu interior, por exemplo,
na forma de ligações químicas entre seus átomos. Quando, numa
transformação química, a energia
contida nos reagentes for maior
que a dos produtos, haverá uma
sobra energética que será liberada
na forma de calor. É o que chamamos de processo exotérmico.
Quando se dissolve cloreto de
cálcio em água, por exemplo,
acontece um fenômeno desse tipo. Algumas bolsas de água quente aproveitam o calor liberado
nessa dissolução. Elas contêm a
água e o sal separadamente. Na
hora do uso, uma batida quebra o
recipiente da água, que dissolve o
sal, liberando calor. Apenas 40 g
do sal são suficientes para elevar a
temperatura de 100 ml de água de
20C para 90C!
O fogo grego -arma secreta
dos gregos bizantinos que impediu os muçulmanos de tomarem
Constantinopla na época das invasões árabes (século 7º)- também utilizava uma reação exotérmica. Ele era uma mistura líquida
e viscosa que se inflamava em
contato com a água. Ainda hoje
não se sabe a exata composição
dessa arma, mas uma hipótese
provável é que ela contivesse cal
viva (óxido de cálcio, CaO) e petróleo, entre outras substâncias.
A reação da cal viva com a água
(CaO + H2O Ca(OH)2) é extremamente exotérmica. Assim, o
calor liberado poderia ter inflamado o petróleo, que, sendo menos denso que a água, se teria espalhado na superfície do mar,
queimando os navios inimigos.
Mas, afinal, qual será a tecnologia de ponta do "hot when you
want"? Apenas um compartimento no fundo da lata que contém,
separadamente, a cal viva (a mesma do fogo grego!) e a água. Ao
apertar o botão no fundo da lata, a
placa que separa essas duas substâncias se rompe e a reação começa. O calor desprendido na reação é então aproveitado para aquecer o café na parte superior da lata. Simples, mas genial!
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
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