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BIOLOGIA
Genoma modifica a noção de gene
JOSÉ VAGNER GOMES
ESPECIAL PARA A FOLHA
O seqüenciamento do genoma
humano revela uma tendência
paradoxal: quanto mais se conhece o código genético, menos sustentável fica a noção de gene, que
produz uma proteína responsável
por uma característica.
Com o conhecimento do genoma, fica claro que um número pequeno de genes (30 mil a 40 mil)
seria pouco para determinar tantas proteínas e características, o
que reforça que um gene pode dar
origem a inúmeras proteínas.
Os genes apresentam regiões
codificadoras (éxons), que aparecem interrompidos na cadeia de
DNA por seqüências não-codificadoras (íntrons). Para que seja
transferida para as diversas funções celulares, a informação contida no DNA precisa ser copiada
por um RNAm. O RNA só se torna funcional depois que os íntrons são retirados -em um processo conhecido com "splicing".
Como um gene pode originar
diferentes RNAm? Por meio do
"splicing" alternativo. Na síntese
de proteínas, o RNAm imaturo
copia toda a informação do gene.
As enzimas de processamento retiram os íntrons, mantendo apenas os éxons, originando o
RNAm maduro.
O gene pode sofrer um processamento alternativo, ou seja, formar variadas combinações de
éxons e produzir moléculas diferentes de RNAm, cada qual codificando um tipo de proteína.
Certos genes ativos em uma célula hepática podem estar desligados em uma célula muscular e vice-versa. Durante o "splicing" do
RNA, um éxon que contém a informação para a montagem de
uma região de uma proteína pode
ser excluído, gerando uma proteína não-funcional. Em outras palavras, o gene é desligado. Como o
"splicing" é um processo complexo, a mutação de um nucleotídeo
na junção éxon-íntron pode gerar
um produto alterado.
Estima-se que erros no processo
de "splicing" causem 10% das
doenças genéticas.
José Vagner Gomes é professor de biologia do Curso e Colégio Objetivo, do
Universitário e do Anglo e ministra cursos de bioatualidades
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