São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002
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HISTÓRIA

Para onde ir para ter desenvolvimento?

ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A o terminar a Segunda Guerra Mundial, a discussão que concentrou a atenção dos principais intelectuais e forças políticas no Brasil dizia respeito aos caminhos a seguir para dar continuidade ao desenvolvimento do país. Havia um consenso de que o desenvolvimento era um resultado natural da industrialização, isto é, se o país se industrializasse, naturalmente ele se tornaria um país rico, com melhores serviços públicos e condições satisfatórias de vida e trabalho para a sua população.
O Brasil, nos últimos 50 anos, passou por um fantástico processo de industrialização, mas isso não se traduziu numa melhora correspondente na qualidade de vida de cerca de um terço da população, que se mantém em condições de extrema pobreza.
Ao longo desse período, firmaram-se, basicamente, duas visões sobre os caminhos que o país deveria adotar. Segundo uma delas, o Estado deveria ter papel ativo na economia, controlando o investimento externo em setores estratégicos, criando estatais quando necessário e protegendo o mercado e a indústria nacionais. Seu principal articulador e representante era Getúlio Vargas. A outra proposta, de cepa liberal, era defendida sobretudo pela UDN (União Democrática Nacional) e profundamente articulada aos interesses norte-americanos. Posicionava-se contra o intervencionismo estatal, apoiava a abertura do mercado, defendia ampla liberdade para os investimentos estrangeiros e era favorável a uma industrialização na qual a indústria nacional fosse uma sócia menor do capital estrangeiro numa condição de subordinação. Acreditavam que assim teríamos acesso aos financiamentos e à tecnologia necessários ao desenvolvimento.
No período de 1945/1964, os governos que se sucederam estiveram mais próximos ora da alternativa nacional-desenvolvimentista, ora da proposta de associação subordinada. O golpe desferido pelos militares em 1964 foi a solução definitiva desse impasse. Sob o pretexto da influência comunista no governo João Goulart, militares, empresários e grandes órgãos de imprensa, com o apoio dos EUA, depuseram o presidente em exercício e reprimiram todos aqueles que pudessem representar algum obstáculo ao ajustamento do Brasil à proposta de associação subordinada. Desde então, o investimento externo tem sido o grande propulsor da economia brasileira, e a remuneração desses investimentos, um dos grandes problemas do país.


Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC.
Email: roberson.co@uol.com.br


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