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HISTÓRIA
Para onde ir para ter desenvolvimento?
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A o terminar a Segunda Guerra
Mundial, a discussão que concentrou a atenção dos principais
intelectuais e forças políticas no
Brasil dizia respeito aos caminhos
a seguir para dar continuidade ao
desenvolvimento do país. Havia
um consenso de que o desenvolvimento era um resultado natural
da industrialização, isto é, se o
país se industrializasse, naturalmente ele se tornaria um país rico,
com melhores serviços públicos e
condições satisfatórias de vida e
trabalho para a sua população.
O Brasil, nos últimos 50 anos,
passou por um fantástico processo de industrialização, mas isso
não se traduziu numa melhora
correspondente na qualidade de
vida de cerca de um terço da população, que se mantém em condições de extrema pobreza.
Ao longo desse período, firmaram-se, basicamente, duas visões
sobre os caminhos que o país deveria adotar. Segundo uma delas,
o Estado deveria ter papel ativo na
economia, controlando o investimento externo em setores estratégicos, criando estatais quando necessário e protegendo o mercado
e a indústria nacionais. Seu principal articulador e representante
era Getúlio Vargas. A outra proposta, de cepa liberal, era defendida sobretudo pela UDN (União
Democrática Nacional) e profundamente articulada aos interesses
norte-americanos. Posicionava-se contra o intervencionismo estatal, apoiava a abertura do mercado, defendia ampla liberdade
para os investimentos estrangeiros e era favorável a uma industrialização na qual a indústria nacional fosse uma sócia menor do
capital estrangeiro numa condição de subordinação. Acreditavam que assim teríamos acesso
aos financiamentos e à tecnologia
necessários ao desenvolvimento.
No período de 1945/1964, os governos que se sucederam estiveram mais próximos ora da alternativa nacional-desenvolvimentista, ora da proposta de associação subordinada. O golpe desferido pelos militares em 1964 foi a
solução definitiva desse impasse.
Sob o pretexto da influência comunista no governo João Goulart,
militares, empresários e grandes
órgãos de imprensa, com o apoio
dos EUA, depuseram o presidente em exercício e reprimiram todos aqueles que pudessem representar algum obstáculo ao ajustamento do Brasil à proposta de associação subordinada. Desde então, o investimento externo tem
sido o grande propulsor da economia brasileira, e a remuneração
desses investimentos, um dos
grandes problemas do país.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As
Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e
professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC.
Email: roberson.co@uol.com.br
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