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ATUALIDADES
Nigéria enfrenta crise entre cristãos e muçulmanos
"O que Muhammad acharia disso?
Com toda a honestidade, ele provavelmente escolheria uma delas para
ser sua esposa." Isioma Daniel, jornalista do "This Day"
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
A parentemente despretensiosa,
a frase da jornalista nigeriana
acabou provocando a tragédia
que resultou na morte de centenas de cristãos e muçulmanos. O
concurso Miss Mundo 2002, que
seria na Nigéria, acabou transferido para Londres. Condenada à
morte por uma fatwa, o decreto
islâmico, a jornalista encontra-se
refugiada. "É obrigatório para todos os muçulmanos considerar o
assassinato da autora do artigo
como um dever religioso", sentenciou um líder muçulmano.
O mais populoso dos países da
África, a Nigéria, com 115 milhões
de habitantes, possui 250 grupos
étnicos, sendo que quatro são predominantes. Com a independência, em 1960, sucessivos golpes de
Estado em razão de disputas tribais levaram o país a uma interminável guerra civil. Em maio de
1967, o governo militar anunciou
a decisão de dividir a Nigéria em
12 novos Estados em substituição
às quatro regiões anteriores. Seu
objetivo era isolar a etnia ibo e retirar de seu domínio as regiões
produtoras de petróleo. Líderes
ibos rejeitaram a divisão e declararam a independência da Biafra.
Após quatro anos de conflito e
um saldo de mais de 1 milhão de
mortos (quase todos ibo), a região
separatista foi reincorporada.
A tensão entre cristãos e muçulmanos intensificou-se nos últimos anos, depois que Estados do
norte adotaram a sharia, a lei islâmica, que prevê a aplicação da pena capital e de castigos corporais.
Safiya Hussaini, divorciada, 33
anos, foi condenada à morte por
apedrejamento porque fez sexo
sem ser casada. O porta-voz do
governo muçulmano de Sokoto
explicou que ela foi condenada
por ser divorciada. "Se ela nunca
tivesse sido casada, a condenação
seria de cem chicotadas."
Roberto Candelori é coordenador da Cia.
de Ética, professor da Escola Móbile e do
Objetivo.
E-mail:Para onde ir para ter desenvolvimento? rcandelori@uol.com.br
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