São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002
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CARREIRA/FÍSICA MÉDICA

TÉCNICAS RECENTES EXIGEM PROFISSIONAIS QUE SÓ AGORA TÊM GRADUAÇÃO ESPECÍFICA

Curso tem mercado em novos tratamentos e aparelhos

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL


D esde 1956, os físicos trabalham nos hospitais brasileiros. Somente agora, no entanto, foram criados cursos de graduação para dar formação específica aos profissionais que atuam nessa área.
Nos novos cursos, o aluno, desde o primeiro ano, estuda tanto as disciplinas de exatas como as matérias básicas da área biomédica -fisiologia, anatomia e bioquímica, entre outras.
Até a abertura das graduações em física médica, apenas aqueles que se formavam em física trabalhavam na área. Para tanto, faziam algum tipo de especialização após o curso, pois não tinham conhecimentos da área de biológicas. A crescente utilização de equipamentos para tratamentos mais sofisticados é um dos fatores que têm assegurado um nicho de mercado para os fisicos médicos. No tratamento do câncer, por exemplo, é esse profissional que faz o cálculo da dose de radiação a que uma pessoa será submetida na radioterapia para que apenas o tecido doente seja destruído.
O físico Adelmo José Gioradani, 45, formado pelo Mackenzie, trabalha há mais de 20 anos na área. Como em sua época não havia graduação em física médica, ele se formou em física e fez três anos de residência no Hospital do Câncer de São Paulo. "Entrei na residência zerado na parte de biológicas", disse ele, que hoje trabalha no Hospital São Paulo e no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer.
O físico médico também atua na prevenção de acidentes e na diminuição dos riscos de contaminação na utilização de equipamentos que emitem radiação, como os usados na radioterapia ou os aparelhos de raios X. Para isso, o físico médico faz o cálculo das blindagens das salas de aplicação e verifica se os aparelhos utilizados estão calibrados.
"Em tese, todo consultório odontológico tem um aparelho de raios X, que precisa estar calibrado. Nós, muitas vezes, estamos sentados na sala de espera e não sabemos se estamos tomando radiação vinda da sala ao lado. Um aparelho desregulado é perigoso para o próprio dentista", disse José Roberto Corrêa Saglietti, diretor do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, onde haverá a graduação em física médica a partir do segundo semestre de 2003.
Além dos raios X, outros exames médicos utilizam princípios físicos, como a ressonância magnética e a ultra-sonografia. Nesses casos, o físico médico pode atuar no desenvolvimento de novos equipamentos e na sua correta utilização. "Esses exames demandam gente especializada, que entenda, por exemplo, de campos magnéticos", disse José Roberto Drugowitch, chefe do Departamento de Física e Matemática da USP de Ribeirão Preto, onde é ministrado o curso.
Segundo ele, o curso de física médica é predominantemente de exatas, apesar de ter em sua grade curricular matérias da área de biológicas. Além disso, os alunos realizam estágios em hospitais. O aluno que escolher a carreira como uma alternativa ao curso de medicina deve lembrar-se de que enfrentará várias aulas de cálculo e de mecânica quântica.


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