|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARREIRA/FÍSICA MÉDICA
TÉCNICAS RECENTES EXIGEM PROFISSIONAIS QUE SÓ AGORA TÊM GRADUAÇÃO ESPECÍFICA
Curso tem mercado em novos tratamentos e aparelhos
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
D esde 1956, os físicos trabalham
nos hospitais brasileiros. Somente agora, no entanto, foram
criados cursos de graduação para
dar formação específica aos profissionais que atuam nessa área.
Nos novos cursos, o aluno, desde o primeiro ano, estuda tanto as
disciplinas de exatas como as matérias básicas da área biomédica
-fisiologia, anatomia e bioquímica, entre outras.
Até a abertura das graduações
em física médica, apenas aqueles
que se formavam em física trabalhavam na área. Para tanto, faziam algum tipo de especialização
após o curso, pois não tinham conhecimentos da área de biológicas. A crescente utilização de
equipamentos para tratamentos
mais sofisticados é um dos fatores
que têm assegurado um nicho de
mercado para os fisicos médicos.
No tratamento do câncer, por
exemplo, é esse profissional que
faz o cálculo da dose de radiação a
que uma pessoa será submetida
na radioterapia para que apenas o
tecido doente seja destruído.
O físico Adelmo José Gioradani,
45, formado pelo Mackenzie, trabalha há mais de 20 anos na área.
Como em sua época não havia
graduação em física médica, ele se
formou em física e fez três anos de
residência no Hospital do Câncer
de São Paulo. "Entrei na residência zerado na parte de biológicas",
disse ele, que hoje trabalha no
Hospital São Paulo e no Instituto
Brasileiro de Controle do Câncer.
O físico médico também atua na
prevenção de acidentes e na diminuição dos riscos de contaminação na utilização de equipamentos que emitem radiação, como os
usados na radioterapia ou os aparelhos de raios X. Para isso, o físico médico faz o cálculo das blindagens das salas de aplicação e verifica se os aparelhos utilizados
estão calibrados.
"Em tese, todo consultório
odontológico tem um aparelho de
raios X, que precisa estar calibrado. Nós, muitas vezes, estamos
sentados na sala de espera e não
sabemos se estamos tomando radiação vinda da sala ao lado. Um
aparelho desregulado é perigoso
para o próprio dentista", disse José Roberto Corrêa Saglietti, diretor do Instituto de Biociências da
Unesp de Botucatu, onde haverá a
graduação em física médica a partir do segundo semestre de 2003.
Além dos raios X, outros exames médicos utilizam princípios
físicos, como a ressonância magnética e a ultra-sonografia. Nesses
casos, o físico médico pode atuar
no desenvolvimento de novos
equipamentos e na sua correta
utilização. "Esses exames demandam gente especializada, que entenda, por exemplo, de campos
magnéticos", disse José Roberto
Drugowitch, chefe do Departamento de Física e Matemática da
USP de Ribeirão Preto, onde é ministrado o curso.
Segundo ele, o curso de física
médica é predominantemente de
exatas, apesar de ter em sua grade
curricular matérias da área de
biológicas. Além disso, os alunos
realizam estágios em hospitais. O
aluno que escolher a carreira como uma alternativa ao curso de
medicina deve lembrar-se de que
enfrentará várias aulas de cálculo
e de mecânica quântica.
Texto Anterior: Atualidades: Nigéria enfrenta crise entre cristãos e muçulmanos Próximo Texto: Opção na USP-Ribeirão une informática a conhecimento médico Índice
|