São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002
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ATUALIDADES

Outra vez os ingleses no caminho da Argentina

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nestes tempos de Copa do Mundo, quando argentinos e ingleses entram em campo, além da grande rivalidade, é impossível esquecer a situação atual do país vizinho, mas principalmente a disputa pelas ilhas Malvinas (Falklands para os ingleses).
A atual crise pela qual passa a Argentina tem suas raízes num passado não muito remoto. O retorno de Juan Domingo Perón ao poder, em 1973, e sua política de reatar as relações com Cuba, ampliar o comércio com o bloco socialista e associar a Argentina ao Movimento dos Países Não-Alinhados causaram sério desconforto aos militares portenhos.
Com a morte do presidente, em 1974, assumiu sua vice, Isabelita Perón, deposta dois anos depois por uma junta militar comandada pelo general Jorge Videla. No poder, os militares promoveram a abertura de mercado, reduzindo a capacidade dos setores produtivos, e iniciaram a "guerra suja", perseguição sistemática aos oposicionistas. Num contexto em que a dívida externa passava dos US$ 60 bilhões, os militares, comandados pelo general Leopoldo Galtieri, decidiram ocupar as ilhas Malvinas em abril de 1982.
Estimulando o nacionalismo contra o domínio britânico, procuravam desviar a atenção do povo da grave crise social e econômica. Após 45 dias de luta e um saldo de mais de 700 mortos, a Argentina rendeu-se à superioridade militar britânica. O entusiasmo nacionalista transformou-se então em indignação que levou Galtieri à renúncia. Nas eleições de 1983, encerrando sete anos de ditadura, elegeram Raúl Alfonsin e restabeleceram a democracia.
Hoje, mergulhados numa crise sem precedentes, sonhavam que o futebol de Batistuta, Verón e cia. pudesse resgatar o orgulho nacional. Mas a paciência estratégica dos britânicos, aliada à disciplina tática dos suecos, expulsou a Argentina do "grupo da morte".


Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo (Americana)


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