|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATUALIDADES
Iraque reconquista "soberania" limitada
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Passado pouco mais de um ano
desde a tomada de Bagdá e a
deposição do ditador Saddam
Hussein, os EUA entregaram formalmente o poder político aos
iraquianos. Diante do caos e da
violência, o ex-chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, Paul
Bremer, lamentou não ter conseguido estabilizar o país antes da
transferência da "soberania".
O novo governo interino do Iraque, reconhecido pela ONU (Organização da Nações Unidas), foi
declarado "soberano", mas não
exercerá poder sobre os cerca de
160 mil soldados da força multinacional que permanecerá no
país sob o comando norte-americano até 2005 ou "pelo tempo que
for necessário". Na prática, os
EUA mantêm assegurado o controle sobre a economia, visando
garantir o cumprimento dos contratos em vigência, e a manutenção do domínio militar.
Vencido o mandato interino do
governo, previsto para o início de
2005, será eleita uma Assembléia
Nacional que elegerá, por sua vez,
um governo transitório, com poder legislativo real. Depois haverá
uma Constituição a ser votada em
referendo até o final do ano. Eleições gerais estão previstas para
dezembro de 2005, para que o novo governo, eleito diretamente,
assuma o poder já em 2006.
Nitidamente a coalizão anglo-americana procurou acomodar o
poder político entre líderes da
maioria xiita, dos sunitas e dos
curdos. Assumiu a Presidência interina do país Ghazi Al-Yawer,
que estudou nos Estados Unidos,
tem 45 anos, é sunita e líder tribal
na cidade curda de Mosul. Para
primeiro-ministro, foi indicado
Iyad Allawi, 59, médico xiita e líder do Acordo Nacional Iraquiano -um grupo formado por exilados. Ele foi membro do Partido
Baath -o extinto partido de Saddam Hussein- e trabalhou para
a CIA, Agência Central de Inteligência.
Como se pode constatar, as lideranças moderadas que assumiram o poder tem um passado de
ligações com Washington, fator
que compromete a legitimidade
política do governo e, portanto, se
constitui em um obstáculo para a
estabilização do país.
Otimistas em relação ao futuro
do Iraque, estão apenas o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o
presidente dos EUA, George W.
Bush. Annan saudou a "soberania" destacando que o país está de
"volta à família das nações independentes e soberanas". Bush festejou a "transferência limitada",
declarando que o Iraque é "a mais
nova democracia do mundo".
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
Texto Anterior: Saiba mais - Matemática: Como descobrir um número de telefone? Próximo Texto: Problema operacional muda vestibular Índice
|