São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004
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ATUALIDADES

Iraque reconquista "soberania" limitada

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Passado pouco mais de um ano desde a tomada de Bagdá e a deposição do ditador Saddam Hussein, os EUA entregaram formalmente o poder político aos iraquianos. Diante do caos e da violência, o ex-chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, Paul Bremer, lamentou não ter conseguido estabilizar o país antes da transferência da "soberania".
O novo governo interino do Iraque, reconhecido pela ONU (Organização da Nações Unidas), foi declarado "soberano", mas não exercerá poder sobre os cerca de 160 mil soldados da força multinacional que permanecerá no país sob o comando norte-americano até 2005 ou "pelo tempo que for necessário". Na prática, os EUA mantêm assegurado o controle sobre a economia, visando garantir o cumprimento dos contratos em vigência, e a manutenção do domínio militar.
Vencido o mandato interino do governo, previsto para o início de 2005, será eleita uma Assembléia Nacional que elegerá, por sua vez, um governo transitório, com poder legislativo real. Depois haverá uma Constituição a ser votada em referendo até o final do ano. Eleições gerais estão previstas para dezembro de 2005, para que o novo governo, eleito diretamente, assuma o poder já em 2006.
Nitidamente a coalizão anglo-americana procurou acomodar o poder político entre líderes da maioria xiita, dos sunitas e dos curdos. Assumiu a Presidência interina do país Ghazi Al-Yawer, que estudou nos Estados Unidos, tem 45 anos, é sunita e líder tribal na cidade curda de Mosul. Para primeiro-ministro, foi indicado Iyad Allawi, 59, médico xiita e líder do Acordo Nacional Iraquiano -um grupo formado por exilados. Ele foi membro do Partido Baath -o extinto partido de Saddam Hussein- e trabalhou para a CIA, Agência Central de Inteligência.
Como se pode constatar, as lideranças moderadas que assumiram o poder tem um passado de ligações com Washington, fator que compromete a legitimidade política do governo e, portanto, se constitui em um obstáculo para a estabilização do país.
Otimistas em relação ao futuro do Iraque, estão apenas o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o presidente dos EUA, George W. Bush. Annan saudou a "soberania" destacando que o país está de "volta à família das nações independentes e soberanas". Bush festejou a "transferência limitada", declarando que o Iraque é "a mais nova democracia do mundo".


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br


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