São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004
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POR UM FIO

Instituições promovem alterações que afetam alunos, como a obrigatoriedade da inscrição pela internet

Problema operacional muda vestibular

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro, foi a Fuvest, que em 2003 diminuiu sua primeira fase para apenas um dia. Agora, foi a Unicamp, que mudou os critérios de correção da redação. A próxima será a Unesp, que já prevê alterações para os próximos anos. Para resolver problemas operacionais e financeiros, os três maiores vestibulares de São Paulo estão tendo de mudar.
Fuvest, Comvest e Vunesp têm tido dificuldade para fechar suas contas, que são separadas das universidades às quais estão ligadas. As receitas das três vêm apenas de inscrições e de parcerias (propagandas nos manuais). Como elas não aumentavam as taxas de inscrição havia três anos, as receitas não cresciam. Por outro lado, os custos, segundo os coordenadores, aumentaram gradativamente. Por causa disso, as três reajustaram o valor das inscrições para o próximo concurso (na Fuvest e na Unicamp, R$ 90).
O principal item que encareceu os vestibulares, segundo os coordenadores, foi o crescimento do número de isentos, que são bancados pelas instituições e não pelas universidades. Neste ano, a Fuvest, que teve 158 mil inscritos no último vestibular, vai oferecer 60 mil isenções da taxa.
Outro problema comum às três é a dificuldade para corrigir as provas, sobretudo as dissertativas, que não podem ser analisadas por máquinas. Quanto mais candidatos, mais corretores são necessários e mais difícil fica manter os mesmos critérios para dar notas. O custo da correção também é um problema. Na Fuvest, por exemplo, cada corretor ganha por volta de R$ 3.000, dependendo da matéria. Quanto mais corretores, mais gasto.

Unicamp
Tendo fechado o seu último vestibular com um déficit de R$ 200 mil e com dificuldades para analisar 50 mil redações a tempo -e mantendo um parâmetro único para toda a banca-, a Unicamp mudou o seu critério de correção para o próximo processo.
Antes, todos tinham o texto analisado. Agora, apenas quem acertar pelo menos metade das questões terá a redação corrigida. Mas, em cada carreira, o índice de acertos necessários deve variar, já que serão corrigidos os textos de um mínimo de seis e um máximo de 12 candidatos por vaga.
"Nós queremos garantir a qualidade da correção e voltar a ter cerca de 15 mil redações para analisar. É impossível manter um parâmetro com muita gente", disse Leandro Tessler, coordenador-executivo da Comvest, comissão responsável pela prova.
Segundo ele, participaram do último vestibular 132 corretores e 12 supervisores, trabalhando durante 15 dias. "Se aumentássemos esse número, formariam sub-bancas e não garantiríamos uma uniformidade. Foi uma forma de mantermos nosso modelo." Além de facilitar o trabalho de correção, a diminuição proporcionará uma redução nos custos. Com o mesmo intuito, a Unicamp passará a fazer as inscrições apenas pela internet, o que deve proporcionar uma economia de R$ 100 mil.

Fuvest
O déficit da Fuvest nos anos anteriores às mudanças de 2003 foi responsável pela diminuição das reservas da instituição para 60% do necessário para aplicar um vestibular em caso de emergência.
Depois de enxugar o quadro de funcionários e reduzir a primeira fase para um dia de prova, diminuindo os gastos com aplicação, a Fuvest conseguiu acabar com o déficit e recompor as reservas.
Mesmo a primeira fase sendo composta de testes, havia dificuldade para processar os cartões a tempo de divulgar os aprovados. "Apesar de poder passar os cartões na leitora ótica, cerca de 3% apresentavam inconsistências e tinham de ser analisados por funcionários. Estava complicado fazer isso a tempo. Agora temos uma semana a mais e metade dos cartões", disse o coordenador do vestibular, Roberto Costa.

Unesp
Apesar das dificuldades da Unesp serem semelhantes às da Fuvest e da Unicamp, as mudanças devem acontecer apenas a partir de 2006. "Qualquer mudança teria de ser bem discutida para não surpreender ninguém", disse Fernando Dagnoni Prado, diretor acadêmico da Vunesp.
Como a Unicamp, o modelo de prova da Unesp atingiu um limite operacional por causa do número de provas para correção manual. Como o vestibular é em fase única, todos têm a redação corrigida. No ano passado, foram 90 mil inscritos. "O volume de correção "braçal" é muito grande, o que demanda prazos e equipes maiores", afirmou Prado.
O problema é que o modelo não comporta mais nem prazos nem equipes maiores. Se o tempo de correção aumentar, não será possível a divulgação da lista no tempo estipulado. Se as bancas aumentarem, será difícil manter um critério único de correção.
A saída mais provável, segundo Prado, será dividir o exame em duas fases, o que diminuiria o número de provas e de redações.
Outra possibilidade é o retorno de características antigas do exame da Unesp, como a prova de conhecimentos específicos, que hoje é dissertativa, voltar a ser feita na forma de testes.


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