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      São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003
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GEOGRAFIA

As chuvas de verão

EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em algumas áreas do país, as chuvas deste início de ano estão mais intensas do que as dos três últimos verões. Ainda bem, pois os reservatórios das hidrelétricas precisam de água para garantir a geração de energia, senão as termoelétricas, construídas emergencialmente, terão de entrar em operação e sua conta de energia vai subir mais um "pouco".
A maior parte dessas chuvas é decorrente da convecção atmosférica, ou seja, do movimento ascendente do ar mais aquecido, que se encontra próximo à crosta terrestre, ao mesmo tempo que o mais frio, das camadas superiores da atmosfera, faz o caminho inverso, descendente. Esse processo leva para cima a água evaporada, que, após a condensação, volta na forma de chuvas, em geral, muito fortes. Essas chuvas de convecção, chamadas comumente de chuvas de verão, não trazem apenas alívio para o setor energético e demais atividades que sofrem com a falta de água.
Sua interação com a ocupação desordenada de encostas e de várzeas traz também muita desgraça. A ocupação de encostas muito íngremes, com alto grau de intemperismo das rochas, acompanhada de intenso desmatamento, aumenta a possibilidade de deslizamentos de terra, que, invariavelmente, provocam tragédias.
As várzeas, que podem ser definidas como leitos temporários dos rios, são áreas que eventualmente podem sofrer inundações. Quando ocupamos esses locais, estamos sujeitos a conviver, durante as cheias, com os efeitos do transbordamento dos rios, que ocorrem cada vez com mais freqüência devido à impermeabilização dos solos -que diminui a infiltração e aumenta o escoamento superficial da água, elevando o volume e a velocidade com que a mesma chega aos rios.
Até meados deste mês, as localidades de Angra dos Reis, Petrópolis e Grande Belo Horizonte estão entre as mais atingidas por enchentes e deslizamentos.


Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus


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