CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Após a 2ª Guerra Mundial, a África e a Ásia conheceram um processo histórico que denominamos descolonização. Um movimento que, gradativamente, garantiu a independência política a diversos países, que até então estavam sob o domínio das grandes potências européias e do Japão. Esse processo segue até os dias de hoje e seu episódio mais recente ocorreu no Timor Leste.
Esse processo foi desigual nas várias regiões. Em alguns casos, as potências colonialistas -notadamente a Inglaterra- realizaram concessões políticas, permitindo a autonomia ou mesmo a independência completa, garantindo, porém, privilégios econômicos, à medida que suas empresas permaneceram nos países recém-independentes. Em outros casos, os povos afro-asiáticos lutaram pela independência, não só política, mas também econômica.
Podemos dizer que três grandes fatores contribuíram para a "descolonização". A crise vivida pelas potências européias, arruinadas economicamente pelas duas grandes guerras e pela decadência pós-29, a organização de movimentos "nacionalistas", quer dizer, de luta pela independência por parte dos povos que eram explorados, e, ainda, os interesses das duas novas superpotências, os EUA e a URSS, emergentes após a 2ª Guerra Mundial e que precisavam ampliar suas influências e conquistar novos mercados.
Existiram ainda outras importantes mudanças que contribuíram para a descolonização, como o enfraquecimento do "mito da superioridade do homem branco", que começou a ruir com a crise de 29, com as vitórias que os japoneses obtiveram ao longo da guerra ou ainda com as lutas e conquistas na África do Sul sob a liderança do CNA de Nelson Mandela e que se refletiram por toda a África; ou como o fortalecimento dos movimentos guerrilheiros de esquerda, que enxergavam as potências colonizadoras como representantes do capitalismo imperialista, ou ainda com a formação do movimento fundamentalista na Índia, na Argélia ou na Indochina.
Esse processo teve um momento privilegiado quando da organização da Conferência de Bandung, em 1955, que reuniu 29 países afro-asiáticos e proclamou o direito à autodeterminação, à soberania e à igualdade de todas as nações, à não-ingerência, à mútua cooperação econômica e à condenação do colonialismo.
Dica: Um país dependente economicamente pode ser livre em termos políticos?