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      São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003
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CARREIRA/PSICOLOGIA

MAIORIA DAS MATÉRIAS DO CURSO É DE HUMANAS, MAS HÁ ESTATÍSTICA, FARMACOLOGIA E ANATOMIA

Graduação também tem aulas de exatas e biológicas

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

No vestibular da Fuvest, a carreira de psicologia é uma das poucas que exigem que o candidato faça provas das matérias exatas, humanas e biológicas na segunda fase. Depois de aprovado, o estudante também terá de enfrentar aulas de disciplinas nesses três campos do conhecimento.
Apesar de a psicologia ser prioritariamente uma ciência humana, o aluno terá, logo no primeiro ano, aulas de anatomia, importantes para compreender o funcionamento do cérebro, e de farmacologia, para entender o efeito dos medicamentos. Mesmo tendo noções sobre os remédios, o psicólogo não pode receitar medicamentos, atribuição dos psiquiatras, que se formam em medicina e fazem especialização na área.
Também no primeiro ano, há aulas de estatística, que, além de servirem para projetos de pesquisa, são importantes na aplicação de testes psicológicos. "Os estudantes costumam ter dificuldade com anatomia e estatística, mas depois descobrem a importância dessas matérias", disse Calvino Camargo, diretor da Faculdade de Psicologia do Mackenzie.
Segundo ele, a aplicação dos testes psicológicos, geralmente no segundo ano da graduação, é a primeira atividade de estágio que o aluno desenvolverá na faculdade. Depois, os estudantes passam a atuar em projetos na comunidade e, posteriormente, fazem atendimento individual a pacientes com supervisão de professores.
Um projeto da USP, entretanto, utiliza estudantes desde o primeiro ano em instituições como a Febem, uma delegacia e um batalhão da Polícia Militar. Os estudantes, com supervisão, atendem internos, policiais e vítimas utilizando uma das habilidades mais necessárias para o psicólogo: ouvir o sofrimento das pessoas.
"Olhar aquele que sofre com atenção e se dispor a ouvir suas necessidades mais urgentes está implícito no trabalho do psicólogo em qualquer área que ele vá trabalhar, seja no esporte, em uma empresa ou consultório", disse Henriette Morato, professora responsável pelo projeto.

Mercado de trabalho
Após a graduação, o atendimento de pacientes no consultório é apenas uma das opções. Entretanto, muitos recém-formados optam por isso para iniciar a vida profissional.
"O psicólogo tem essa alternativa. No começo, ele trabalha menos, tem três ou quatro pacientes, mas pelo menos tem uma remuneração", disse Ana Mercês Bahia Bock, professora da PUC-SP e presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.
Segundo ela, diferentemente do que pensam muitos vestibulandos, o psicólogo não trabalha exclusivamente no tratamento de pacientes após os problemas já estarem instalados. "O profissional atua em três níveis: no curativo, que é o mais conhecido, no preventivo, tentando evitar problemas que podem aparecer em algumas situações, e no de promoção, em que o psicólogo atua em situações em que não há doença, em que os indivíduos não são portadores de sofrimento", disse.
Uma das atividades de promoção é o trabalho em empresas. A consultora da área de gestão de capital humano da Deloitte Touche Tohmatsu, Priscila Mendes, 27, por exemplo, formou-se em 1998 na Unip e hoje presta consultoria em recursos humanos para outras empresas. "Normalmente, os psicólogos são os responsáveis pelos processos de seleção de profissionais, mas podem exercer todas as outras atividades na área de recursos humanos."
Segundo ela, outra atribuição comum dos psicólogos é projetar programas de treinamento para desenvolver habilidades comportamentais nos funcionários. "O psicólogo define, por exemplo, que determinadas pessoas têm de desenvolver a capacidade de liderança ou de relacionamento interpessoal e, depois, ele cria e aplica um treinamento."


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