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FÍSICA
Estrelas em ascensão: os neutrinos
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
D uas pesquisas na área da astrofísica ganharam o Prêmio Nobel de Física de 2002. O italiano
Riccardo Giacconi foi premiado
ao descobrir fontes cósmicas de
raios X, e o norte-americano Raymond Davis e o japonês Masatoshi Koshiba foram agraciados por
suas experiências que envolviam
partículas difíceis de serem detectadas, os neutrinos cósmicos.
A importância dos neutrinos está no fato de, além de participarem da formação de galáxias e estrelas, seu imenso fluxo proveniente do Sol nos permitir investigar e entender melhor o "coração" da energia solar.
A existência teórica do neutrino
foi apresentada no início da década de 30 por Wolfgang Pauli, físico austríaco que propunha, então,
"uma solução desesperada para
salvar as leis da conservação da
energia e da estatística". No processo de desintegração nuclear,
em que o núcleo-pai se transforma em núcleo-filho ao emitir um
elétron, chamado decaimento beta, as medidas experimentais ofereciam um resultado em que a
energia final, gerada no processo,
era muitas vezes menor do que a
energia inicial, contida no núcleo-pai. A experiência colocava em
xeque o princípio da conservação
da energia, um dos alicerces da física. Segundo a previsão de Pauli,
deveriam aparecer partículas
neutras, de massa reduzidíssima e
de difícil detecção, que carregariam a energia que faltava ao elétron, para assim atender o princípio da conservação da energia.
Em 1934, Enrico Fermi, físico
italiano, publicou um trabalho
em que usou essa partícula hipotética ao formular a primeira teoria que descrevia a interação fraca
das partículas elementares. Como
essa partícula também deveria ser
neutra e muito menor que o nêutron, ele a chamou de "neutrino"
("neutronzinho" em italiano).
Sabemos que as reações de fusão de átomos de hidrogênio em
hélio, que ocorrem no Sol e em
outras estrelas, liberam uma
imensa quantidade de partículas e
de neutrinos em forma de energia
luminosa e calorífica. A contribuição dos cientistas premiados
foi descobrir que os neutrinos solares vão alterando suas propriedades no percurso do Sol para a
Terra e transformam-se em outros tipos de neutrino, não detectados nos experimentos. O aperfeiçoamento no monitoramento
dessas minúsculas partículas permite não só aprimorar o conhecimento sobre o funcionamento do
Sol como também oferecer uma
maneira totalmente nova de desvendar os segredos do Universo.
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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