São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006
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Vale a pena saber - Atualidades

A Coréia do Norte e a "corrida" nuclear

6.nov.2005/Efe
Kim Jong-il (centro), ditador norte-coreano, com militares


ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A República Democrática Popular da Coréia ocupa novamente o centro da arena internacional. Ao anunciar a realização de seu primeiro teste nuclear, a Coréia do Norte passa a fazer parte do seleto clube das "potências atômicas", ao lado dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia, França e Inglaterra). Além desses, Índia, Paquistão e Israel, países que não aderiram ao TNP, o Tratado de Não Proliferação Nuclear, também possuem a bomba.
Durante a presidência de Bill Clinton, em 1994, a Coréia do Norte assinou com os EUA um acordo de desarmamento. Mas ao ser incluído em 2002, pelo presidente George W. Bush, no rol dos países do "eixo do mal", ao lado de Iraque e Irã, Pyongyang rompeu com Washington e deixou o TNP. Desde então, a bomba atômica passou a ser uma obsessão do ditador Kim Jong-il e uma ameaça cada vez mais real à sua vizinha, a Coréia do Sul.
Ocupada pelo Japão até o final da Segunda Guerra, a península da Coréia foi dividida, na altura do Paralelo 38, em dois Estados: um comunista no Norte, sob a tutela da URSS e da China, e um regime anticomunista no Sul, apoiado pelos EUA. Em 1948, por determinação das Nações Unidas, surgiam a República da Coréia (Coréia do Sul), tendo Seul como capital, e a República Democrática Popular da Coréia, a Coréia do Norte, comunista.
Os dois Estados entravam freqüentemente em choque na fronteira durante os anos da Guerra Fria. Em 1950, a fim de unificar a península sob o regime comunista, o governo norte-coreano atacou o sul. Foi o início da Guerra da Coréia, confronto que durou até 1953 e deixou 4 milhões de mortos.
A confirmação do teste nuclear norte-coreano é, no fundo, uma resposta à política do presidente Bush, que preferiu a retórica do "eixo do mal" ao diálogo e à negociação. Seguindo a mesma lógica, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma série de sanções ao regime de Pyongyang, que as recebeu como uma "declaração de guerra". A resolução 1.718 exige que a Coréia do Norte elimine todas as suas armas nucleares e de destruição em massa. Em resposta, o embaixador norte-coreano na ONU acusou os membros do conselho de agirem como "gângsteres".
Todo esse quadro ameaça o equilíbrio geopolítico da Ásia e do mundo. Se considerarmos que a essa situação vem juntar-se o Irã do presidente Mahmoud Ahmadinejad, com seu programa de enriquecimento de urânio, conclui-se que o mundo está cada dia mais perigoso.
ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio Móbile. E-mail: rcandelori@uol.com.br


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