São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004
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FÍSICA

A diferença entre eco e reverberação

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ao sermos atingidos por uma onda sonora, o sistema auditivo -formado pelo ouvido externo, médio e interno- amplifica essa vibração. No ouvido interno, ela é transformada em impulsos elétricos e é enviada ao cérebro por meio do nervo auditivo.
Ocorre que a sensação provocada por um impulso sonoro, como um grito, não desaparece imediatamente no sistema auditivo. Ela perdura ainda durante um curto intervalo de tempo, cerca de um décimo de segundo (0,1s). Essa característica é denominada de remanescência auditiva e é responsável por entendermos a diferença entre eco e reverberação.
Considere uma pessoa que ouve dois sons provenientes de uma mesma fonte sonora. O primeiro som a atinge diretamente e o segundo a alcança após ser refletido em uma barreira, como uma parede. A reverberação ocorre quando o observador recebe o segundo som (refletido) antes que termine a remanescência do primeiro, ocasionando o prolongamento e o aumento da sensação auditiva. A reverberação é comum em ambientes amplos e com superfícies lisas. É fácil observar que, quando conversamos em um apartamento vazio, ocorre uma superposição dos sons, o que pode atrapalhar o entendimento. A presença de móveis, tapetes e cortinas absorve a energia transportada pelas ondas sonoras e diminui a reverberação.
O eco, por sua vez, ocorre quando os dois sons (direto e refletido) são percebidos distintamente, pois, quando o som refletido atinge o observador, a remanescência do primeiro já se extinguiu. Dessa forma, o intervalo de tempo entre a chegada do som direto e do refletido é superior a 0,1s.
Sabemos que a velocidade do som no ar, à temperatura de 15C, é cerca de 340m/s. Como a onda sonora se propaga com velocidade constante conclui-se que para uma pessoa perceber o eco de sua própria voz é necessária uma distância mínima de 17m entre ela e o anteparo, onde o som é refletido.
O fenômeno do eco tem uma interessante utilização prática. Por meio de um instrumento denominado sonar, acoplado em navios pesqueiros, pode-se detectar a profundidade dos cardumes e, em navios de pesquisa, medir a profundidade dos mares e localizar objetos submersos. Um pulso ultra-sônico de vibração de alta freqüência é enviado ao obstáculo, que o reflete de volta ao aparelho. Medindo o intervalo de tempo entre a emissão e a recepção, é possível determinar a distância entre o obstáculo e o sonar.


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja e da Nova Escola


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