São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004
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MEDICINA

Especialização é necessária devido à grande quantidade de informações sobre técnicas e doenças

Subdivisão é a principal tendência

DA REPORTAGEM LOCAL

Além do aparecimento de áreas totalmente novas, algo comum na medicina é a subdivisão de especializações já existentes. Após uma primeira especialização feita na residência, é normal que o médico os foque seus estudos posteriores em uma determinada doença ou técnica.
"No momento, a realidade do mercado de trabalho é muito mais de subdivisões de especialidades-mãe do que de surgimento de outras totalmente novas. Há doenças como hipertensão que têm tantos pacientes que o médico pode apenas se dedicar a ela", disse o médico Enrico Repetto, autor do livro voltado para vestibulandos "O Guia da Medicina". Ele, por exemplo, é endocrinologista especializado em diabetes.
De acordo com a coordenadora do curso da Unicamp, Angélica Maria Bicudo Zeferino, a subdivisão das especialidades acontece devido à maior quantidade de informações que estão disponíveis hoje em cada área.
"É impossível acompanhar todos os estudos de medicina que saem. Não dá para saber tudo, então as pessoas acabam se especializando. Até um tempo atrás, quem cuidava de adolescentes era o pediatra. Como um grupo foi desenvolvendo estudos, houve um aprofundamento, e hoje há a herbiatria, que ainda é parte da pediatria", disse.
Além de subdivisões das especialidades, os médicos encontram agora locais de atuação diferentes do que no passado. "Hoje em dia, nos grandes centros urbanos, há médicos que integram equipes de resgate. Se feito adequadamente, o atendimento pré-hospitalar pode melhorar muito as possibilidades do paciente. Antes, não havia médicos nesse ambiente", disse a coordenadora do curso da Unifesp, Rosana Fiorini Puccini.
Uma especialidade que está na moda é a genética médica, que não é nova, mas ampliou as suas possibilidades de atuação.
Até um tempo atrás, a principal atividade do médico da área era o aconselhamento genético, em que o profissional calcula, por exemplo, qual a probabilidade de um casal com uma doença ter um filho nas mesmas condições.
Atualmente, com o desenvolvimento de novas técnicas, o especialista pode atuar também no tratamento dessas doenças.
"Antes, o geneticista não tinha muito o que fazer com o paciente. Apenas os sintomas eram tratados, e cada especialidade ficava responsável por uma complicação. Hoje, há técnicas para interferir no curso da doença", disse Carlos Ruchaud, diretor médico da empresa de biotecnologia Genzyme.
Uma dessas técnicas é a reposição enzimática. Se o defeito genético causa falta de uma enzima responsável por eliminar uma substância do corpo, ela pode se acumular. Isso causa danos, que, antes, eram só o que era tratado.
Atualmente, essas enzimas são produzidas em laboratório para que a doença não avance. Outra técnica recente -e ainda pouco desenvolvida- é a terapia gênica, em que se procura "consertar" o gene defeituoso.
(ANDRÉ NICOLETTI)


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