São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004
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ADMINISTRAÇÃO

As cerca de 220 mil ONGs do país precisam de bom gerenciamento para aumentar ações

Terceiro setor atrai profissionais

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos mercados que mais surpreendem e agregam profissionais formados em administração é o terceiro setor.
"É uma área em que o administrador consegue ampliar a sua participação, pois é um segmento que tem crescido muito nos últimos anos", afirma Roberto Carvalho Cardoso, presidente do CRA-SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo).
De acordo com o Centro de Referência Patrícia Bildner, que reúne um grupo de instituições, fundações e empresas voltadas para o terceiro setor, há cerca de 220 mil ONGs (organizações não-governamentais) em atividade no Brasil, empregando mais de 340 mil pessoas. Se forem considerados os voluntários, esse contingente supera 1 milhão de pessoas.
"Como os recursos, principalmente os financeiros, são escassos, toda organização, até mesmo as sem fins lucrativos, precisa ser bem gerenciada para multiplicar suas ações. Não é suficiente ter muitos voluntários, é preciso organização e planejamento para que o resultado, no caso, o número de pessoas atendidas, seja maior", diz o presidente do CRA.
Márcia Thomazinho, 30, trabalha há sete anos na Fundação Abrinq e formou-se em administração em 2003.
"Comecei na fundação mobilizando profissionais voluntários para o projeto Adotei um Sorriso e, com o tempo, fui sendo requisitada para outras áreas. No terceiro setor, é muito importante ter pessoas com conhecimentos de contabilidade, de planejamento e de gestão, e o curso de administração proporciona isso, por isso o escolhi", afirma.
"Como é uma área em crescimento que cada vez mais se organiza e se profissionaliza, é, sem dúvida, um mercado em ascensão para os administradores", diz.
Na carreira de administração, o profissional pode atuar nas mais variadas áreas, com a função básica de desenvolver planejamento de estratégias e de gerenciar o cotidiano de uma empresa.
Tradicionalmente vista como generalista, no entanto, a administração está cada vez mais se especializando conforme a demanda do mercado e agregando novos campos de atuação.
"Nos últimos anos, a economia brasileira tem se sofisticado muito, acompanhando as tendências registradas nos países desenvolvidos. Isso significa que, para acompanhar o mercado de trabalho, os profissionais têm de se preparar cada vez mais", afirma Cardoso, presidente do CRA-SP.
Com isso, segundo ele, há o surgimento de várias atividades no campo da administração que pedem profissionais preparados. Exemplo disso são as áreas de administração esportiva, administração cultural, teletrabalho (trabalho à distância), administração de saúde (que difere da hospitalar por atuar na conjunção de esforços de várias áreas para prevenir os males que afetam a saúde e oferecer serviços de qualidade), tecnologia da informação e empreendedorismo.
Cardoso chama a atenção, no entanto, para o fato de, em administração, ser um "exclusivista" nem sempre ser positivo. "Não há motivo para que um especialista em marketing feche as portas do conhecimento para outras áreas. É preciso ter a mente aberta e estar sempre atualizado."
A professora Andrea Fonseca Minardi, coordenadora do curso de administração do Ibmec, concorda. "É uma área de muita flexibilidade. O aluno precisa ter uma formação básica muito forte e depois ir atrás de especializações."


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