São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004
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ECONOMIA

Setor movimenta cerca de 40% do PIB; profissional pode orientar sobre mercado internacional

Agronegócios exigem conhecimento teórico

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das carreiras mais tradicionais, a economia está vivendo, de acordo com especialistas, uma fase de renovação. A globalização, as crises nacionais e internacionais e os mercados comuns fizeram com que o campo de trabalho para esse profissional passasse por alterações.
"Com esses fatores e com a atual economia do país, não está apenas surgindo um novo mercado para os economistas, mas também está havendo um redescobrimento da profissão", diz Paulo Brasil, do Conselho Regional de Economistas de São Paulo. "Acho que nada será feito daqui em diante sem planejamento e análise econômica, tanto no setor público como no privado."
"O economista leva vantagem por trabalhar com a abordagem macroeconômica. Tem sensibilidade para detectar as mudanças que estão acontecendo no mundo", completa Claudemir Galvani, vice-presidente da Ordem dos Economistas de São Paulo e professor da PUC-SP.
Galvani destaca como novos -e promissores- campos de atividade para os economistas a mediação e a arbitragem. "Em um momento de grande necessidade de desafogar a Justiça, o economista é completamente capacitado para exercer essas funções em casos, por exemplo, de litígios contratuais entre duas empresas."
A área pericial também é citada pelo professor como próspera para a carreira. Nela, o economista é responsável pela emissão de laudos sobre questões de quantificação de valores, situações patrimoniais, montantes e efeitos financeiros por meio de exame, vistoria, investigação, avaliação ou certificação.
A grande novidade para o economista, no entanto, está no setor de agronegócios. "Há 20 anos, o agronegócio era assunto de fazendeiro, mas hoje é de grandes empresários. Essa mudança interfere também na forma de administrar. Os empresários precisam dos economistas para dar suporte em relação ao mercado internacional", diz Galvani.
As boas oportunidades do setor rural para os economistas são facilmente justificáveis: o ramo movimenta hoje cerca de 40% do PIB nacional. Com essa proporção, demanda funções específicas às quais um economista está preparado, como analisar e interpretar os impactos das políticas governamentais relativas à agricultura e à agroindústria nos campos fiscal, monetário, cambial, ambiental ou de crédito.
Como conseqüência do aumento da demanda por economistas nesse setor, a USP de Piracicaba criou, em 1997, um curso de graduação que forma profissionais especificamente -mas não apenas- para essa área. Primeiramente denominado economia agroindustrial, a graduação hoje chama-se ciências econômicas.
"O que diferencia o curso dos de economia em geral é a capacidade que ele oferece de aplicar os conhecimentos teóricos de economia nas áreas de agropecuária, agroindústria, ambiente e desenvolvimento regional", diz o professor Carlos José Caetano Bacha, um dos responsáveis pelo curso.
Bruno Milan, 22, está no quarto ano da graduação e diz que seu desejo de trabalhar com agronegócios é antigo. "Uma parte da minha família é do campo e a outra do setor financeiro. Sempre gostei das duas áreas e queria uni-las", diz ele, que planeja abrir uma empresa de agronegócios que se beneficia de créditos tributários.
Colega de Milan, Priscila Richetti, 25, afirma que buscou o curso por oferecer uma especialização que acredita ser necessária no mercado hoje. "Sendo a área que praticamente sustenta o PIB brasileiro, acredito no seu crescimento e nas oportunidades que está gerando", diz. (MS)


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