São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004
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BIOLOGIA

A diversidade botânica e a biotecnologia

FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No início desta primavera, o Instituto de Botânica do Estado de São Paulo divulgou a lista das espécies vegetais ameaçadas de extinção. Os projetos de levantamento de biodiversidade no Brasil estão entre os de maior relevância no mundo, tanto pelo alerta da extinção de espécies quanto pelas novas espécies descobertas.
Se analisarmos apenas superficialmente a descoberta de novas plantas, podemos achar que as mesmas servem mais aos herbários do que à sociedade. No entanto já se verifica na prática a grande aplicabilidade dessas plantas.
No segundo semestre deste ano, pela primeira vez no país, uma empresa privada -uma incubadora de empreendimentos em biotecnologia ligada à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)- conseguiu autorização especial do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente para extrair das matas brasileiras plantas com potencial medicinal.
Com a autorização, a empresa ampliará seu banco de 40 mil extratos vegetais, que provém de quase 5.000 espécies diferentes de plantas já coletadas (quase 10% de toda a flora brasileira).
A flora brasileira é tão rica que, com apenas 2,5 kg de planta, após processo de secagem, de extração e de cromatografia, pode-se isolar uma molécula inédita, que depois de passar por ensaios biológicos poderá ter grande utilidade na indústria farmacêutica.
Extratos de vegetais conhecidos vêm sendo testados em medicamentos com atividade antibiótica, como os utilizados contra as bactérias Staphylococcus aureus -responsáveis por infecções hospitalares.
Entre os vários exemplos desses vegetais, podemos citar o extrato do pau-rosa, planta amazônica da família Laurácea, da qual se extrai uma essência que faz parte do famoso perfume francês Chanel nš 5. Isso nos chama a atenção para o fato de que ainda há muito para ser pesquisado na nossa biodiversidade pela biotecnologia. De preferência, por biólogos brasileiros.


Fabio Giordano é bacharel em biologia, doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail: giordano@unisanta.br


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