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BIOLOGIA
A diversidade botânica e a biotecnologia
FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
No início desta primavera, o Instituto de Botânica do Estado
de São Paulo divulgou a lista das
espécies vegetais ameaçadas de
extinção. Os projetos de levantamento de biodiversidade no Brasil estão entre os de maior relevância no mundo, tanto pelo alerta da extinção de espécies quanto
pelas novas espécies descobertas.
Se analisarmos apenas superficialmente a descoberta de novas
plantas, podemos achar que as
mesmas servem mais aos herbários do que à sociedade. No entanto já se verifica na prática a
grande aplicabilidade dessas
plantas.
No segundo semestre deste ano,
pela primeira vez no país, uma
empresa privada -uma incubadora de empreendimentos em
biotecnologia ligada à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)- conseguiu autorização
especial do Conselho de Gestão
do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente para
extrair das matas brasileiras plantas com potencial medicinal.
Com a autorização, a empresa
ampliará seu banco de 40 mil extratos vegetais, que provém de
quase 5.000 espécies diferentes de
plantas já coletadas (quase 10% de
toda a flora brasileira).
A flora brasileira é tão rica que,
com apenas 2,5 kg de planta, após
processo de secagem, de extração
e de cromatografia, pode-se isolar
uma molécula inédita, que depois
de passar por ensaios biológicos
poderá ter grande utilidade na indústria farmacêutica.
Extratos de vegetais conhecidos
vêm sendo testados em medicamentos com atividade antibiótica,
como os utilizados contra as bactérias Staphylococcus aureus
-responsáveis por infecções
hospitalares.
Entre os vários exemplos desses
vegetais, podemos citar o extrato
do pau-rosa, planta amazônica da
família Laurácea, da qual se extrai
uma essência que faz parte do famoso perfume francês Chanel nš
5. Isso nos chama a atenção para o
fato de que ainda há muito para
ser pesquisado na nossa biodiversidade pela biotecnologia. De preferência, por biólogos brasileiros.
Fabio Giordano é bacharel em biologia,
doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail:
giordano@unisanta.br
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