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HISTÓRIA
Revolução e economia de mercado
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O esforço do Partido Comunista
Chinês em conciliar uma economia planificada e não-capitalista com uma de mercado não é original. A primeira tentativa remete
à fase inicial da Revolução Russa,
quando Lênin buscava uma solução para os problemas do Comunismo de Guerra.
Com o fim da Primeira Guerra,
as potências capitalistas voltaram
a sua atenção aos acontecimentos
na Rússia. França e Inglaterra puderam, então, apoiar grupos prejudicados pela revolta, que formaram o Exército Branco, cujo objetivo era derrotar a revolução. Para
enfrentar os problemas da guerra
civil, Lênin elaborou uma proposta econômica conhecida como
Comunismo de Guerra.
Entre as medidas, destacava-se
o confisco de grãos. Consistia na
apreensão, pelo governo, de parte
da produção excedente dos camponeses para abastecer cidades e
tropas, que enfrentavam escassez
de alimentos. A medida foi fundamental para garantir o abastecimento durante a guerra e para assegurar a vitória da revolução.
Só que, em 1921, depois de vários confiscos, a produção camponesa começou a diminuir. Eles
não se sentiam motivados a produzir excedente, já que ele seria
confiscado. Foi nesse contexto
que Lênin elaborou a NEP (Nova
Política Econômica).
A NEP previa, entre outras coisas, a criação de um imposto a ser
pago em produto pelos camponeses e a liberdade de criar pequenos negócios e de vender o excedente pelo melhor preço. Assim,
dentro da economia soviética, havia um setor que operava segundo
o mercado. A NEP foi bem sucedida enquanto vigorou, mas, após
a morte de Lênin, em 1924, intensificou-se a oposição contra ela,
pois era considerada uma sobrevivência do capitalismo.
Stálin, depois que assumiu o poder, extinguiu-a, estendendo o
planejamento centralizado a todos os setores da economia soviética, com os resultados que todos
nós conhecemos. Ironicamente, a
NEP talvez não representasse o
passado, mas sim o futuro das
economias planejadas.
Roberson de Oliveira é professor e autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora
FTD). E-mail: roberson.co@uol.com.br
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