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ATUALIDADES
A polêmica Lei do Abate passa a vigorar
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O decreto da Lei do Abate, assinado pelo presidente Lula em
julho, entrou em vigor a partir
deste mês. Essa lei permite a destruição de aviões que invadirem o
espaço aéreo brasileiro sem autorização. Segundo o ministro da
Defesa, José Viegas, essa legislação tem o "objetivo de combater
um crime de alcance transnacional, o narcotráfico". Somente o
presidente da República e o comandante da Aeronáutica podem
decidir pelo abate.
Serão considerados ilegais
aviões que não comunicarem previamente a entrada no espaço aéreo brasileiro, que não apresentarem rota e plano de vôo e que se
recusarem a atender à ordem de
pouso. A decisão do abate será
precedida por uma série de procedimentos, que visam reduzir ao
máximo a margem de erro dos pilotos da FAB (Força Aérea Brasileira). Caso fique comprovada a
existência de crianças entre os
passageiros, mesmo sendo um
avião do tráfico de drogas, este
não poderá ser abatido.
Críticos do projeto destacam
que, com a tecnologia disponível
após a implantação do Sivam
(Sistema de Vigilância da Amazônia), em 2002, é possível escoltar
os aviões em vôo irregular até o
pouso. Argumentam ainda que,
por mais hediondo que seja um
crime, nada justificaria o abate.
Segundo os profissionais da
aviação, as maiores vítimas dessa
lei seriam as crianças e as tripulações, que poderiam ser usadas como reféns pelos narcotraficantes.
Polêmica à parte, o fato é que as
incursões ilegais sobre o espaço
aéreo brasileiro têm ocorrido sistematicamente. Estima-se em
mais de 4.000 o número de vôos
anuais. Centenas de pistas de
pouso clandestinas funcionam
como suporte logístico ao tráfico
e ao crime organizado, estruturando uma extensa rede criminosa que conecta a Amazônia às nações limítrofes como Colômbia,
Peru e Bolívia. Para o governo,
portanto, trata-se de uma questão
simples: soberania nacional.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail:
rcandelori@uol.com.br
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