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HISTÓRIA
A polarização ideológica do entreguerras
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O período entreguerras foi marcado pela crise do liberalismo.
No entanto poucos a entendiam
como tal naquele momento; havia
uma crise generalizada, que assumiu grandes dimensões na década de 30.
Essa crise já havia sido percebida pelos socialistas nas décadas
anteriores, porém esses pequenos
grupos de esquerda e suas idéias
possuíam penetração limitada
nas sociedades européias. Terminada a Primeira Guerra Mundial,
a percepção inicial é de crise política, surgiu uma série de movimentos de esquerda, contestadores da ordem vigente, afinal, os
socialistas é que haviam feito
grande propaganda contra a
guerra, apresentando-a como algo que interessava ao imperialismo, não aos trabalhadores.
Por outro lado, é importante
lembrar que, em muitos países da
Europa, como na Itália e na Alemanha, não havia uma tradição
liberal ou parlamentar. Assim, ao
mesmo tempo em que os socialistas ganhavam espaço, surgiam e
cresciam grupos políticos "de direita", fascistas, que reuniam militares, ex-combatentes, grupos de
desempregados, profissionais liberais e estudantes de uma classe
média que se degradava rapidamente, sensível aos apelos nacionalistas, racistas e antiliberais.
Uma das características desses
movimentos, que rapidamente se
tornaram ascendentes, foi a utilização de grupos paramilitares para ações contra líderes sindicais e
dos partidos operários
Mas por que em poucos anos os
fascistas chegaram ao poder na
Itália se tanto a "esquerda" como
a "direita" cresceram no período?
Se num primeiro momento o
fascismo fez críticas ao modelo
capitalista, em pouco tempo essas
críticas deram lugar às críticas ao
imperialismo, contra os monopólios internacionais e contra o bolchevismo soviético.
Em ambos os casos, o discurso
nacionalista foi reforçado e atraiu
um importante setor da sociedade: o empresariado.
O discurso político liberal da elite tradicionalmente conservadora
foi substituído pelo apoio ao fascismo, num processo muito semelhante em vários países europeus nesse período. A burguesia
abre mão da liberdade política para preservar a propriedade e seus
privilégios econômicos, ameaçados pela política liberal nacional e
internacional.
Dica: procure fazer uma comparação. Em quais outros momentos da história a burguesia teve um comportamento semelhante?
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br, professor do
Objetivo e autor do livro "História em
Manchete - O Início do Século"
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