São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"SURF ADVENTURES - O FILME"

Projeto de Arthur Fontes acompanha grupo de esportistas pelo mundo durante dois anos

Documentário desvencilha surfe da praia

DA REPORTAGEM LOCAL

"Surf Adventures - O Filme", que estréia nas capitais do litoral e em outras cidades brasileiras, começa com uma resposta: "O surfe é a terra do nunca. Não vamos crescer nunca", define um dos 26 esportistas retratados no misto de documentário e clipe em longa.
Mas o projeto do diretor Arthur Fontes e dos produtores Bruno Wainer e Roberto Moura, todos praticantes do esporte, originou-se numa pergunta: "Por que tantos garotos no centro de São Paulo que nem vão à praia usam moda surfe? Que fascínio é esse?".
O cineasta escolheu desdobrar a questão pelo lado oposto ao dos "fascinados" -retratou o universo de quem vive de (e para) "pegar onda", tomando cuidados para não fazer "um filme de gueto".
"Só os surfistas falam, porque queríamos fazer um filme em que eles se reconhecessem. Por outro lado, evitamos cenas de ondas longas demais e procuramos apresentar um painel multifacetado ao público não-surfista", diz.
O filme acompanha grupos de surfistas brasileiros em endereços como Fernando de Noronha, no Brasil; as ilhas Mentawai, na Indonésia; Jeffrey's Bay, na África do Sul; a ilha de Oahu, no Havaí; e as de Mavericks, na Califórnia.
As viagens foram realizadas ao longo de dois anos, "com equipe mínima, ridícula e equipamento nas costas", sistema muito distinto do conforto a que Fontes está habituado na produtora Conspiração, da qual é sócio.
"O primeiro choque foi não ter assistente de câmera. Eu mesmo tinha de fazer o foco", conta Fontes. Choques de outra natureza também marcaram o projeto. A equipe foi surpreendida por um terremoto na Indonésia e pela morte da modelo Fernanda Vogel -em desastre com o helicóptero do empresário João Paulo Diniz.
Amiga de Fontes, Vogel havia gravado cenas que iriam compor um clipe no filme. Temendo interpretações negativas -"Podiam achar exploração"-, o diretor optou por manter uma "homenagem discreta", com apenas alguns planos da modelo.
Do orçamento de R$ 2 milhões, 10% foi utilizado na compra dos direitos de 32 músicas, que vão de Legião Urbana na voz de Cássia Eller a Eagle-Eye Cherry.
O investimento dos sócios -a Conspiração, de Fontes, a Lumière, de Wainer, e a Massangana, de Moura- é, mais que no título, no filão de mercado. "Não há muitos filmes brasileiros para o público jovem. Queríamos testá-lo", diz Fontes. (SILVANA ARANTES)



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