|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIA
"SURF ADVENTURES - O FILME"
Projeto de Arthur Fontes acompanha grupo de esportistas pelo mundo durante dois anos
Documentário desvencilha surfe da praia
DA REPORTAGEM LOCAL
"Surf Adventures - O Filme",
que estréia nas capitais do litoral e
em outras cidades brasileiras, começa com uma resposta: "O surfe
é a terra do nunca. Não vamos
crescer nunca", define um dos 26
esportistas retratados no misto de
documentário e clipe em longa.
Mas o projeto do diretor Arthur
Fontes e dos produtores Bruno
Wainer e Roberto Moura, todos
praticantes do esporte, originou-se numa pergunta: "Por que tantos garotos no centro de São Paulo que nem vão à praia usam moda surfe? Que fascínio é esse?".
O cineasta escolheu desdobrar a
questão pelo lado oposto ao dos
"fascinados" -retratou o universo de quem vive de (e para) "pegar onda", tomando cuidados para não fazer "um filme de gueto".
"Só os surfistas falam, porque
queríamos fazer um filme em que
eles se reconhecessem. Por outro
lado, evitamos cenas de ondas
longas demais e procuramos
apresentar um painel multifacetado ao público não-surfista", diz.
O filme acompanha grupos de
surfistas brasileiros em endereços
como Fernando de Noronha, no
Brasil; as ilhas Mentawai, na Indonésia; Jeffrey's Bay, na África do
Sul; a ilha de Oahu, no Havaí; e as
de Mavericks, na Califórnia.
As viagens foram realizadas ao
longo de dois anos, "com equipe
mínima, ridícula e equipamento
nas costas", sistema muito distinto do conforto a que Fontes está
habituado na produtora Conspiração, da qual é sócio.
"O primeiro choque foi não ter
assistente de câmera. Eu mesmo
tinha de fazer o foco", conta Fontes. Choques de outra natureza
também marcaram o projeto. A
equipe foi surpreendida por um
terremoto na Indonésia e pela
morte da modelo Fernanda Vogel
-em desastre com o helicóptero
do empresário João Paulo Diniz.
Amiga de Fontes, Vogel havia
gravado cenas que iriam compor
um clipe no filme. Temendo interpretações negativas -"Podiam achar exploração"-, o diretor optou por manter uma "homenagem discreta", com apenas
alguns planos da modelo.
Do orçamento de R$ 2 milhões,
10% foi utilizado na compra dos
direitos de 32 músicas, que vão de
Legião Urbana na voz de Cássia
Eller a Eagle-Eye Cherry.
O investimento dos sócios -a
Conspiração, de Fontes, a Lumière, de Wainer, e a Massangana, de
Moura- é, mais que no título, no
filão de mercado. "Não há muitos
filmes brasileiros para o público
jovem. Queríamos testá-lo", diz
Fontes.
(SILVANA ARANTES)
Texto Anterior: Crítica: Longa é auto-ajuda para peruas solitárias Próximo Texto: Crítica: Filme exalta esporte e cria mantra Índice
|