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Cinema britânico renasce
WAGNER ARAÚJO
em Londres
Os termos usados têm sido
"ressurgimento da indústria
britânica de cinema", "renovada vitalidade do cinema britânico".
Especulações e esperanças à
parte, os dados mostram que
1996 foi um bom ano para o cinema realizado no Reino Unido, depois de decepções e baixas em anos passados.
Boas produções, bons resultados nas bilheterias, movimentação de atores e técnicos e
vários prêmios no ano passado
mexeram com um aspecto
muito presente no orgulho britânico: a necessidade de resistir
ao poder de Hollywood.
"Segredos e Mentiras", de
Mike Leigh, ganhou a Palma de
Ouro no último Festival de
Cannes, e Brenda Blethyn, a
principal estrela do filme, ganhou o Globo de Ouro como
melhor atriz dramática.
"Trainspotting" gerou polêmica e lucros.
O filme obteve a sexta bilheteria no Reino Unido em 1996,
faturando 12,4 milhões de libras. A festa dos ingressos foi
americana, mas "Razão e Sensibilidade" (produção anglo-americana) também fez
caixa, alcançando a sétima bilheteria no Reino Unido, com
13,6 milhões de libras.
Verbas
O British Film Institute organizou o "Guia Para Levantar
Fundos Para Produções para
TV e Vídeo". Distribuído gratuitamente, o guia contém informações sobre como obter
verbas de instituições internacionais e nacionais.
Em outra mão, a October Gallery lançou "A Fábrica de Roteiros". O projeto foi copiado
do similar americano, baseado
em Nova York, chamado "The
Fifth Night", que já ajudou
mais de 30 autores a levarem
suas histórias para as telas.
Reino Unido x Hollywood
Mas por que o cinema britânico tem cedido espaços, mesmo dentro do Reino Unido,
para as produções hollywoodianas?
Para muita gente importante
no meio, um dos aspectos para
explicar a perda de fogo é a falta
de "perspicácia e comando comercial" por parte de diretores e produtores.
O diretor Peter Greenaway
reflete bem as questões que
perturbam a comunidade cinematográfica britânica. "É bastante difícil fazer um filme para
se tornar um grande sucesso.
Fazer um filme como "O Livro
de Cabeceira", sobre caligrafia, não é muito atraente comercialmente. O que tenho
que fazer é administrar as minhas idéias sem cometer suicídio comercial."
Além de falta de dinheiro, a
indústria cinematográfica britânica vive também a crise das
idéias que funcionam no Reino
Unido, mas não para a audiência americana -nem para o
público mundial, em consequência da influência exercida
pelo modelo hollywoodiano.
"A posição americana é que
tudo tem que ser em inglês correto -algumas vezes alguns
filmes ingleses são legendados", completa Greenaway.
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