São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2001

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Textículos sai em defesa dos excluídos

DO ENVIADO A RECIFE

A proposta é sair em defesa dos excluídos, mulheres, negros, homossexuais, gordos, enfim, segmentos representados entre os nove integrantes da banda.
Nascido no eixo Olinda-Recife, o grupo Textículos de Mary elege como meio de expressão a irreverência e, como fim, a crítica corrosiva à (falsa) moral e aos (maus) costumes.
Guiados pela transmutação, seus músicos sobem ao palco travestidos (há uma única mulher na banda). Maquiam os rostos, adotam figurinos esdrúxulos, misto reciclado de Secos e Molhados com Kiss. O som escorrega do punk-rock ao brega. "É um retorno ao rock", diz o vocalista Fábio Mafra, 27.
Todos os músicos replicantes têm codinomes, por assim dizer, artísticos. O baterista Carlos Henrique, por exemplo, é Scarlet Cavaleira; o percussionista Linaldo Batista, Loura Negra; enquanto os vocalistas Mafra e Henrique Duran são, respectivamente, Chupeta e Lolly Pop.
Os Textículos surgiram há três anos, como uma "brincadeira". A banda voltou ao Rec Beat pelo segundo ano consecutivo, participa da próxima edição do Abril pro Rock e tocará em São Paulo na programação do festival.
Segundo Mafra, o "mito de origem" dos Textículos está na ficção em torno do travesti Mary, personagem literário criado por ele. Trata-se de um tipo que fazia ponto no bairro do Recife Antigo. Ela sofria violência nas ruas e protestou praticando automutilação do pênis.
"Os Textículos são uma forma de protesto contra a expulsão das prostitutas e travestis do centro da cidade sob a desculpa da restauração que mascara o alto-astral", afirma Mafra. "Pernambuco Alto-Astral" é o slogan do governo. (VS)


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