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Textículos sai em defesa dos excluídos
DO ENVIADO A RECIFE
A proposta é sair em defesa dos excluídos, mulheres,
negros, homossexuais, gordos, enfim, segmentos representados entre os nove
integrantes da banda.
Nascido no eixo Olinda-Recife, o grupo Textículos de
Mary elege como meio de
expressão a irreverência e,
como fim, a crítica corrosiva
à (falsa) moral e aos (maus)
costumes.
Guiados pela transmutação, seus músicos sobem ao
palco travestidos (há uma
única mulher na banda).
Maquiam os rostos, adotam
figurinos esdrúxulos, misto
reciclado de Secos e Molhados com Kiss. O som escorrega do punk-rock ao brega.
"É um retorno ao rock", diz
o vocalista Fábio Mafra, 27.
Todos os músicos replicantes têm codinomes, por
assim dizer, artísticos. O baterista Carlos Henrique, por
exemplo, é Scarlet Cavaleira;
o percussionista Linaldo Batista, Loura Negra; enquanto
os vocalistas Mafra e Henrique Duran são, respectivamente, Chupeta e Lolly Pop.
Os Textículos surgiram há
três anos, como uma "brincadeira". A banda voltou ao
Rec Beat pelo segundo ano
consecutivo, participa da
próxima edição do Abril pro
Rock e tocará em São Paulo
na programação do festival.
Segundo Mafra, o "mito de
origem" dos Textículos está
na ficção em torno do travesti Mary, personagem literário criado por ele. Trata-se
de um tipo que fazia ponto
no bairro do Recife Antigo.
Ela sofria violência nas ruas
e protestou praticando automutilação do pênis.
"Os Textículos são uma
forma de protesto contra a
expulsão das prostitutas e
travestis do centro da cidade
sob a desculpa da restauração que mascara o alto-astral", afirma Mafra. "Pernambuco Alto-Astral" é o
slogan do governo.
(VS)
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