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Especial expõe referências da nouvelle vague
CRÍTICO DA FOLHA
À pergunta "Por que você filma?", os cineastas mais honestos
envolvidos no projeto "Lumière e
Companhia" hesitam responder.
Uns se calam, outros saem pela
tangente. Michael Haneke, por
exemplo, sai-se com esta: "Se você
perguntar a uma centopéia por
que ela anda, ela vai tropeçar".
De qualquer forma, como se espera, a variedade de respostas é
grande: uns filmam por um prazer quase sensual, outros pela glória, uns por vício, outros para serem amados, uns "para viver",
outros "para sobreviver", uns
"por obsessão", outros "por subversão". David Lynch diz gostar
de se perder em "outro mundo",
Theo Angelopoulos, em um "país
estrangeiro".
O cineasta japonês Kiju Yoshida
quer provar que o cinema não pode filmar tudo, lembrando, como
o inglês Hugh Hudson, da bomba
de Hiroshima: "Se estivesse filmando em Hiroshima naquele
dia, eu e minha câmera teríamos
sido destruídos", diz Yoshida.
De uma maneira geral, os motes
do primeiro cinema são retomados: o espírito da infância, as
atualidades, o humor (as gags inevitáveis), o amor. Alguns autores
não abandonam suas propostas:
Haneke filma a banalização do
atroz num telejornal, Angelopoulos incursiona em sua mitologia e
Wenders em seu repetitivo esoterismo -Rivette, Kiarostami e
Spike Lee realizam alguns dos
melhores trabalhos.
Já em outra mostra em cartaz no
CCBB, "O Cinema Francês Pré-Nouvelle Vague", poucos cineastas que foram, de fato, referência
para a geração nouvelle vague, como Max Ophüls e Jean Cocteau,
considerados verdadeiros autores, convivem com uma maioria
de diretores que os jovens da geração tinham como autênticos
burocratas da indústria. É o triunfo de Edison e o "parêntese Lumière".
(TMM)
O CINEMA FRANCÊS PRÉ-NOUVELLE
VAGUE. 12 filmes produzidos entre 1945
e 1958. Quando: até 12 de maio, exceto
dia 6/5; hoje, às 16h ("A Batalha dos
Trilhos") e às 18h ("As Portas da Noite).
Onde: CCBB. Quanto: R$ 8 (cinepasse).
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