São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Especial expõe referências da nouvelle vague

CRÍTICO DA FOLHA

À pergunta "Por que você filma?", os cineastas mais honestos envolvidos no projeto "Lumière e Companhia" hesitam responder. Uns se calam, outros saem pela tangente. Michael Haneke, por exemplo, sai-se com esta: "Se você perguntar a uma centopéia por que ela anda, ela vai tropeçar".
De qualquer forma, como se espera, a variedade de respostas é grande: uns filmam por um prazer quase sensual, outros pela glória, uns por vício, outros para serem amados, uns "para viver", outros "para sobreviver", uns "por obsessão", outros "por subversão". David Lynch diz gostar de se perder em "outro mundo", Theo Angelopoulos, em um "país estrangeiro".
O cineasta japonês Kiju Yoshida quer provar que o cinema não pode filmar tudo, lembrando, como o inglês Hugh Hudson, da bomba de Hiroshima: "Se estivesse filmando em Hiroshima naquele dia, eu e minha câmera teríamos sido destruídos", diz Yoshida.
De uma maneira geral, os motes do primeiro cinema são retomados: o espírito da infância, as atualidades, o humor (as gags inevitáveis), o amor. Alguns autores não abandonam suas propostas: Haneke filma a banalização do atroz num telejornal, Angelopoulos incursiona em sua mitologia e Wenders em seu repetitivo esoterismo -Rivette, Kiarostami e Spike Lee realizam alguns dos melhores trabalhos.
Já em outra mostra em cartaz no CCBB, "O Cinema Francês Pré-Nouvelle Vague", poucos cineastas que foram, de fato, referência para a geração nouvelle vague, como Max Ophüls e Jean Cocteau, considerados verdadeiros autores, convivem com uma maioria de diretores que os jovens da geração tinham como autênticos burocratas da indústria. É o triunfo de Edison e o "parêntese Lumière". (TMM)


O CINEMA FRANCÊS PRÉ-NOUVELLE VAGUE. 12 filmes produzidos entre 1945 e 1958. Quando: até 12 de maio, exceto dia 6/5; hoje, às 16h ("A Batalha dos Trilhos") e às 18h ("As Portas da Noite). Onde: CCBB. Quanto: R$ 8 (cinepasse).



Texto Anterior: Cinema: Legado de Lumière é tema de mostra
Próximo Texto: Artes Cênicas: Londrina evoca "cultura da paz" e abre edição com Cisne Negro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.