da Redação

Durante os cinco anos que levou para escrever "Submundo", Don DeLillo sabia que a aposta era alta. Como adiantamento, o autor teria recebido US$ 1,3 milhão de sua editora, a Scribner, sem que nenhum de seus livros anteriores trouxesse a chancela de best seller.
A gênese desse "Submundo" está numa mítica partida de beisebol entre os Giants de Nova York e os Dodgers do Brooklyn, em 3 de outubro de 1951, transformada em prólogo do livro. Antes de escrevê-lo, ao pesquisar os microfilmes da primeira página da edição do "The New York Times" do dia seguinte ao jogo, o autor encontrou, ao lado da manchete esportiva, uma outra anunciando que os soviéticos tinham a bomba atômica.
Foi o que bastou para que a estrutura romanesca do ambicioso projeto se delineasse na sua cabeça: uma rede de coincidências conectando acontecimentos e personagens aparentemente mais díspares ao longo dos últimos 50 anos.
Um grande painel em que a bola da vitória seria ao mesmo tempo o fio condutor e o símbolo dos mitos perdidos da cultura americana.
O livro começa com a descrição cinematográfica do jogo e da torcida que, além de personalidades como Frank Sinatra e J. Edgar Hoover, o célebre diretor do FBI, conta com um garoto dos bairros pobres que consegue entrar de penetra no estádio para acabar, por acaso, com a bola da vitória nas mãos.
E ao longo dos 50 anos dessa "história paralela" dos EUA, a bola passa de mão em mão, ligando fatos reais e personalidades públicas aos dramas íntimos de uma série de protagonistas que vivem a derrocada dos mitos dessa sociedade.
No centro dessa rede de conexões, estão um especialista em armazenamento e tratamento de lixo tóxico e radioativo e uma velha artista plástica com quem ele teve um caso de amor quando ainda era um adolescente no Bronx, logo antes de cometer um ato que o marcaria para o resto da vida -e que o romance só revela ao final das quase 800 páginas. (BC)

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