São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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MÚSICA
Grupo lança o CD "Viva El Amor", sétimo disco em 20 anos, no qual se destaca a "alegria latina" da vocalista
Pretenders mantêm seu estilo folk rock

SYLVIA COLOMBO
de Londres

Um cartaz vermelho mostra uma mulher com os punhos levantados e a inscrição "Viva El Amor". Propaganda comunista como nos velhos tempos? Nada disso. Esta é a capa do novo disco dos Pretenders, apenas o sétimo em 20 anos de carreira.
O álbum esbanja a alegria latina da líder Chrissie Hynde que, depois de superar dois divórcios e a morte por overdose de dois companheiros de banda (os baixistas Peter Fandon e James Honeyman-Scott), encontrou um "amor rejuvenescedor" nos braços de um escultor colombiano 14 anos mais jovem do que ela. "Ele é a cara do Che Guevara", disse Hynde em recente entrevista a uma revista britânica.
"Nós temos mesmo que fazer isso?", perguntou a cantora à pequena platéia que assistia ao show de "Viva El Amor", realizado anteontem em uma casa noturna em Londres. Chrissie se referia ao hit "Brass in Pocket", de 20 anos atrás, que os espectadores pediam aos gritos.

Guitarra, gaita e voz
"Viva El Amor", que está sendo lançado nesta semana no Reino Unido, traz 12 canções (dez delas de autoria de Chrissie) no melhor estilo Pretenders: folk rock com guitarras distorcidas, solos de gaita, refrões fáceis e a voz cortante e singular da vocalista se destacando em agudos. A Folha presenciou uma das primeiras execuções ao vivo do novo trabalho.
O disco traz, como revela o título,canções de amor; uma delas excelente para um ambiente lounge ("Samurai"), uma outra em espanhol ("Rabo Du Nobe") e também a tocante "One More Time". Carregada de um romantismo agressivo e dramático, "One More Time" seria capaz de fazer qualquer Spice Girl fugir para bem longe dali com seu sorriso e sua aeróbica.
O culto ao "bom e velho" rock'n'roll é a fórmula básica do novo CD. E, nesse sentido, "Legalize Me", com participação de Jeff Beck, é o passo mais radical. Para tocar no rádio, os Pretenders escalaram "Human" e "Popstar", ambas com teclados interferindo na melodia.
A banda, que desde 1979 já vendeu um total de 10 milhões de álbuns em todo o mundo, hoje tem apenas dois músicos da formação original. Chrissie Hynde e o baterista Martin Chambers parecem mais o pai e a mãe dos jovens Adam Seymour (guitarra) e Andy Hobson (baixo). Ao final do show, quando os quatro se abraçaram para os agradecimentos, a imagem era mesmo a de uma família, os dois jovens olhando com respeito aos Pretenders originais.

Animais
Aos 47 anos, Chrissie Hynde continua com seu viés ecológico, defendendo os animais. Participou, há duas semanas, do concerto em homenagem a Linda McCartney (a mulher do ex-Beatle Paul, que morreu em abril do ano passado), cuja renda era destinada a instituições que cuidam de animais.
Depois de ter sido responsável por "converter" ao vegetarianismo uma legião de fãs nos anos 80, ela ainda prega que matar um animal pelo prazer de comer sua carne equivale a matar uma pessoa.
Nascida em Ohio, nos EUA, a cantora mudou-se para Londres em 1973, para mergulhar na cena punk que vigorava na cidade à época. Casou-se duas vezes, com pessoas do mundo pop, e com cada um dos maridos teve uma filha. Primeiro com Ray Davies, dos Kinks, depois com Jim Kerr, do Simple Minds.
Hoje, trocou a agitação das baladas punk por uma rotina familiar, cheia de tortas e passeios no parque de Hampstead, bairro rico ao norte de Londres.


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