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MÚSICA
Grupo lança o CD "Viva El Amor", sétimo disco em 20 anos, no qual se destaca a "alegria latina" da vocalista
Pretenders mantêm seu estilo folk rock
SYLVIA COLOMBO
de Londres
Um cartaz vermelho mostra uma
mulher com os punhos levantados
e a inscrição "Viva El Amor". Propaganda comunista como nos velhos tempos? Nada disso. Esta é a
capa do novo disco dos Pretenders, apenas o sétimo em 20 anos
de carreira.
O álbum esbanja a alegria latina
da líder Chrissie Hynde que, depois de superar dois divórcios e a
morte por overdose de dois companheiros de banda (os baixistas
Peter Fandon e James Honeyman-Scott), encontrou um "amor rejuvenescedor" nos braços de um escultor colombiano 14 anos mais jovem do que ela. "Ele é a cara do
Che Guevara", disse Hynde em recente entrevista a uma revista britânica.
"Nós temos mesmo que fazer isso?", perguntou a cantora à pequena platéia que assistia ao show de
"Viva El Amor", realizado anteontem em uma casa noturna em Londres. Chrissie se referia ao hit
"Brass in Pocket", de 20 anos atrás,
que os espectadores pediam aos
gritos.
Guitarra, gaita e voz
"Viva El Amor", que está sendo
lançado nesta semana no Reino
Unido, traz 12 canções (dez delas
de autoria de Chrissie) no melhor
estilo Pretenders: folk rock com
guitarras distorcidas, solos de gaita, refrões fáceis e a voz cortante e
singular da vocalista se destacando
em agudos. A Folha presenciou
uma das primeiras execuções ao
vivo do novo trabalho.
O disco traz, como revela o título,canções de amor; uma delas excelente para um ambiente lounge
("Samurai"), uma outra em espanhol ("Rabo Du Nobe") e também
a tocante "One More Time". Carregada de um romantismo agressivo e dramático, "One More Time"
seria capaz de fazer qualquer Spice
Girl fugir para bem longe dali com
seu sorriso e sua aeróbica.
O culto ao "bom e velho"
rock'n'roll é a fórmula básica do
novo CD. E, nesse sentido, "Legalize Me", com participação de Jeff
Beck, é o passo mais radical. Para
tocar no rádio, os Pretenders escalaram "Human" e "Popstar", ambas com teclados interferindo na
melodia.
A banda, que desde 1979 já vendeu um total de 10 milhões de álbuns em todo o mundo, hoje tem
apenas dois músicos da formação
original. Chrissie Hynde e o baterista Martin Chambers parecem
mais o pai e a mãe dos jovens
Adam Seymour (guitarra) e Andy
Hobson (baixo). Ao final do show,
quando os quatro se abraçaram
para os agradecimentos, a imagem
era mesmo a de uma família, os
dois jovens olhando com respeito
aos Pretenders originais.
Animais
Aos 47 anos, Chrissie Hynde
continua com seu viés ecológico,
defendendo os animais. Participou, há duas semanas, do concerto
em homenagem a Linda McCartney (a mulher do ex-Beatle Paul,
que morreu em abril do ano passado), cuja renda era destinada a instituições que cuidam de animais.
Depois de ter sido responsável
por "converter" ao vegetarianismo
uma legião de fãs nos anos 80, ela
ainda prega que matar um animal
pelo prazer de comer sua carne
equivale a matar uma pessoa.
Nascida em Ohio, nos EUA, a
cantora mudou-se para Londres
em 1973, para mergulhar na cena
punk que vigorava na cidade à
época. Casou-se duas vezes, com
pessoas do mundo pop, e com cada um dos maridos teve uma filha.
Primeiro com Ray Davies, dos
Kinks, depois com Jim Kerr, do
Simple Minds.
Hoje, trocou a agitação das baladas punk por uma rotina familiar,
cheia de tortas e passeios no parque de Hampstead, bairro rico ao
norte de Londres.
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