São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Redescobrimento tem adereço barroco furtado

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na noite do último sábado, uma equipe de manutenção da Mostra do Redescobrimento percebeu um desfalque no módulo Arte Barroca. A equipe preparava a manutenção das peças que acontece todas as segundas-feiras quando notou o sumiço do resplendor em prata que adornava a cabeça de "São João Evangelista", exposto no andar térreo do Pavilhão da Bienal, logo à esquerda da entrada do módulo. Ainda não se sabe quando a peça foi furtada ou quem a levou.
"As peças são constantemente vigiadas por uma empresa de segurança. Também contamos ainda com um equipe de manutenção que percorre a mostra constantemente, além de câmeras e detectores de presença", disse Suzanna Sassoun, coordenadora de projeto da Mostra do Redescobrimento. Segundo Sassoun, a mostra deverá repensar o sistema de segurança do evento e o seguro deverá arcar com a compra de um novo resplendor para o santo.
O "São João Evangelista" lesado é uma escultura portuguesa do século 18, em madeira dourada e policromada.
O resplendor, geralmente confeccionado em prata, é um adereço em forma de estrela que se coloca na cabeça do santo e que indica a santidade do personagem. "A estrela indica o caminho de encontro com Deus. Por isso o local de nascimento de Jesus foi indicado por uma estrela. Ao colocá-la na cabeça de um santo, a Igreja indica que ele é um modelo de virtude cristã", explicou monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário epíscopal de comunicação da arquidiocese de São Paulo.
"As igrejas possuem geralmente vários resplendores para um santo, pois são peças doadas por fiéis que alcançaram alguma graça. Ela é como um chapéu. Serve para enfeitar o santo. São os adereços mais roubados das igrejas barrocas", disse Sassoun.
A curadora do módulo Arte Barroca, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira, lamentopu o ocorrido, mas salientou que o episódio servirá para que o sistema de segurança seja reforçado. Sugeriu ainda que fosse criada uma chapelaria na entrada do pavilhão, onde os visitantes deixariam seus pertences. "O seguro terá que comprar outro resplendor para o museu", disse ainda.
A escultura pertence ao Museu Mineiro da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, em Belo Horizonte, que foi comunicado ontem do sumiço da peça.
"O resplendor é uma peça solta e não temos certeza que seja original da obra. Trata-se de um fato lamentável, um trauma mesmo, mas, infelizmente, são coisas que acontecem. Agora teremos que fazer uma pesquisa para encontrar um resplendor similar", disse Luis Augusto de Lima, diretor do museu.
Lima disse ainda que o ocorrido não dificulte a realização de outras mostras. "Em Minas Gerais já existe um forte movimento contrário ao empréstimo de obras motivado por acontecimentos como esses"


Texto Anterior: Cony ocupa a cadeira 3 da Academia
Próximo Texto: Museu cedeu 20 peças à mostra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.