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"COMO E POR QUE LER"
Poesia brasileira e clássicos, por Italo Moriconi e Ana Maria Machado, saem na segunda-feira
Nova série esmiúça literatura para provar que ler é bom
DA REPORTAGEM LOCAL
É comum ouvirmos que o brasileiro não gosta de ler, que a escola não estimula o prazer da leitura;
que, ao contrário, causa nos estudantes uma "alergia" ao literário.
Vendo no problema um filão, a
Objetiva põe na praça, na próxima segunda, uma nova coleção de
livros que, sem serem didáticos,
esmiúçam temas da literatura.
Sob o nome de "Como e por que
Ler", a série se abre com dois assuntos capazes de despertar pruridos nos jovens avessos aos livros, poesia brasileira do século
20 e clássicos universais, firmados, porém, por gente bamba: o
crítico e professor Italo Moriconi
e a escritora Ana Maria Machado.
Moriconi, 48, já é uma espécie
de "talismã" da Objetiva. Foram
responsabilidade dele dois dos títulos mais bem-sucedidos da editora, as antologias "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século" e "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século".
O êxito dos dois livros de Moriconi certamente pesou quando
Isa Pessôa começou a procurar
"autores que pudessem escrever
livros perspicazes sobre por que
ler é bom" -premissa que a diretora editorial vê na coleção.
Autora de 109 títulos (entre ficção e não-ficção, para adultos e
infanto-juvenis), Ana Maria Machado, 60, discorre com paixão
sobre o hábito da leitura, em palestras país afora e em suas obras
ensaísticas. É o caso do recente
"Texturas" (Nova Fronteira, R$
26), em que ela já defendia o "direito a ler os clássicos", idéia que
retoma no livro da nova coleção.
Guias sentimentais
Ponto em comum para os dois
autores é o fato de definirem seus
livros como muito "pessoais".
Ana Maria Machado abre "Como e por que Ler os Clássicos
Universais desde Cedo" relembrando sua descoberta de "Dom
Quixote", de Cervantes, em leituras feitas pelo pai.
Para ela, "o primeiro contato
com clássicos deve ser muito prazeroso". "Para entrar nesse universo desde cedo, não precisa ler a
"Ilíada" em versos. Eu trabalho
muito com a narrativa clássica e
eu acho que tem que ser uma boa
história, porque é o que eles são."
A estrutura de seu livro, portanto, seguiu a "memória afetiva".
"Fiquei pensando nos livros que li
e que me deram muito prazer, os
clássicos com os quais tenho uma
relação de paixão. Não queria fazer cronológico e não queria fazer
um receituário, livros que "todo
mundo tem que ler", porque eu
não acho que é "tem que ler"."
A experiência da ex-professora
se soma a eixos críticos pinçados
de Harold Bloom e Italo Calvino,
amarrando num feixe harmonioso epopéias de Homero e invenções de Monteiro Lobato, Shakespeare, Dickens e contos de fada.
Já o livro de Moriconi persegue
a "moldura cultural do poema".
"Fiz recortes sobre três momentos básicos: o modernismo, a vanguarda concreta e o final do século, o pós-modernismo", explica.
Isso, porém, se coloca após um
primeiro capítulo teórico, que assume que, no contexto nacional,
letra de canção é poesia -visão
polêmica entre os literatos. Mas
não há, em "Como e por que Ler a
Poesia Brasileira do Século 20",
análises de exemplos do cancioneiro popular, por rico que seja.
A teoria do começo é uma espécie de salvo-conduto para o que
segue: "um gesto de defesa da
poesia canônica", que permita entender o que o momento atual da
poesia nacional -definido por
Moriconi como "maravilhoso",
muito "sofisticado"- herdou do
apogeu do século 20. Tudo num
esforço, diz o autor, de forjar no
leitor um discurso e um olhar.
(FRANCESCA ANGIOLILLO)
COMO E POR QUE LER OS CLÁSSICOS
UNIVERSAIS DESDE CEDO.
De: Ana
Maria Machado. Editora: Objetiva
(www.objetiva.com.br, tel. 0/xx/21/
2556-7824). 146 págs. R$ 19.
COMO E POR QUE LER A POESIA
BRASILEIRA DO SÉCULO 20. De: Italo
Moriconi. Idem. 156 págs. R$ 19.
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