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MÚSICA
Após show improvisado em bar na fronteira da Argentina com o Brasil, banda de Detroit se apresenta no teatro Amazonas
White Stripes exige palcos 'inusitados' para incluir em DVD
LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A PUERTO IGUAZÚ (ARGENTINA)
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS
Que o White Stripes nunca foi
uma banda de rock "normal" já se
havia percebido. Mas agora que
os exóticos irmãos-marido-e-mulher Jack e Meg White se armam de um disco estranho e de
uma turnê bizarra que envolve o
Brasil a coisa ficou engraçada.
Após passar por ruínas na Guatemala e por países como Panamá, Colômbia e México, a dupla
de Detroit fez show num jardim
de bar na fronteira de Foz do
Iguaçu (Paraná) com Puerto
Iguazú (Argentina) no dia 26. Hoje, uma performance ímpar ocorre no centenário teatro Amazonas, em Manaus. "Seria muito fácil excursionar pelos EUA e pela
Europa", disse Jack em entrevista
coletiva ontem em Manaus.
"Queria tocar em locais onde as
pessoas não tivessem nos visto,
pois o público é mais entusiasmado. O teatro Amazonas foi o primeiro lugar em que pensamos."
A "correção de rota" vem na
sexta e no sábado, quando o guitarrista Jack e a baterista Meg se
apresentam no Rio, onde já estiveram em 2003, e em São Paulo.
Os lugares inusitados foram exigências da banda, que quer colocar tudo num DVD, parte de um
pacote que tem como produto
principal o quinto disco, "Get Behind me Satan", que será lançado
no próximo dia 6. "O título é referência à minha fala preferida de
Jesus, dita a Pedro. Gosto da ambigüidade", disse Jack.
A Folha apurou que a saga do
White Stripes por essa "América
profunda" foi parida quando Jack
teve idéia de tocar na Ilha de Páscoa. Avisado por um produtor
que "seria impossível fazer show
ali, a menos que fosse um luau", o
guitarrista mudou seus planos.
Colecionador de estátuas religiosas e de animais empalhados
(ele tem uma zebra em casa), Jack
gastou US$ 600 (R$ 1.400) em
imagens de santos na passagem
por ruínas na Guatemala. Na
quinta passada, em Puerto Iguazú, na Província argentina de Misiones, Jack e Meg subiram num
palco improvisado, coberto com
lonas alaranjadas. O local era numa rua semideserta com dois bares. Um deles abrigou o grupo e as
500 testemunhas de três nacionalidades (o Paraguai é logo ali).
Na bateria de Meg, a maçã branca, símbolo bíblico do álbum novo. Deste, na quase hora e meia de
show, apenas três músicas: "Blue
Orchid", a country "Little Ghost"
e "Red Rain", além de punhado
de hits e alguns covers. "Mudamos canções em todos os shows."
E "Seven Nation Army", que
tem a introdução mais assobiável
dos últimos tempos, comandou o
"crossover" globalizado do rock
com a eletrônica e levou "Elephant" a vender 5 milhões de cópias. Em Puerto Iguazú, "Seven
Nation Army" foi a última música
da noite. Antes de a dupla voltar
para o bis, a platéia emulava com
a boca sua introdução. Jack White
programou uma luz estrobo violenta para a parte do "refrão instrumental". Acredite, mais do que
o show em si, a sensação da luz estrobo estourando nos olhos vai
demorar dias para ir embora.
A turnê nada convencional do
White Stripes continua hoje no
teatro Amazonas, que terá pela
primeira vez sua excepcional
acústica ocupada por um show de
rock (tirando os eruditos, poucos
artistas da MPB se apresentaram
ali). Inaugurada em 31 de dezembro de 1896, a imponente estrutura receberia ontem "O Barbeiro
de Sevilha", no encerramento do
9º Festival Amazonas de Ópera.
Os 629 ingressos colocados à
venda foram vendidos em três
horas. O restante dos 701 lugares
do teatro serão ocupados por
convidados, entre eles o governador do Estado, Carlos Eduardo de
Souza Braga (PPS), e o prefeito da
cidade, Serafim Corrêa (PSB).
Tanto nos 266 lugares da platéia
como nos 90 camarotes, todos terão que assistir ao show sentados.
A MTV européia, que filmará o
show, e a produção do evento foram instruídas a não jogar luz
contínua em direção ao teto para
não prejudicar as históricas pinturas a óleo do pernambucano
Crispim do Amaral. Mais: a amplificação de som terá de ser mais
baixa do que o normal dos shows
da dupla para não prejudicar os
cristais europeus e a decoração.
Cidade que teve Faith no More
em 91 e Gloria Gaynor neste ano,
Manaus vê hoje White Stripes.
O jornalista Thiago Ney viajou a convite da produtora Mondo
White Stripes
Quando: sexta, às 22h30, no Claro Hall
(av. Ayrton Senna, 3.000, Rio, tel. 0300-789-6846), de R$ 100 a R$ 200; e sábado, às 22h, no Credicard Hall (av. Nações
Unidas, 17.955, SP), de R$ 90 a R$ 200
(venda pelo tel. 0/xx/11/6846-6000; não
há mais cota para estudantes)
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