São Paulo, quarta, 1 de julho de 1998

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CINEMA ESTRÉIA
Disney volta a acertar com feminismo de "Mulan'

MARIANE MORISAWA
da Redação

Depois de alcançar novamente o sucesso com "A Bela e a Fera" e "O Rei Leão", a Disney parecia estar fadada a fazer um blockbuster atrás do outro. Por isso, os executivos dos estúdios levaram um susto com os fracassos de "Pocahontas", "O Corcunda de Notre Dame" e "Hércules" -tanto de público quanto de crítica.
A produtora tenta reconquistar ambos com "Mulan", uma história baseada em uma lenda chinesa.
Só que o herói dessa história não é um bravo ou atrapalhado guerreiro, mas, sim, uma guerreira.
Mulan é uma adolescente atrapalhada demais para conseguir um bom marido e honrar sua família, tudo o que uma mulher pode almejar na China imperial.
Quando os hunos, liderados por Shan-Yu -o mais terrível vilão da Disney-, conseguem transpor a Grande Muralha na região norte da China, o imperador resolve convocar um homem por família para lutar contra os invasores.
Na família Fa, o único homem é Zu, pai de Mulan. Velho e doente, todos sabem que ele é incapaz de guerrear novamente. A menina ousa dizer isso, o que representa grande desonra para ele.
À noite, enquanto todos dormem, Mulan toma sua decisão. Corta os cabelos, rouba armadura e espada do pai e parte com seu cavalo para se apresentar. É seguida pelo egocêntrico minidragão Mushu, que tentará protegê-la.
No início, o desajeitado recém-nascido garoto Ping -nome que ela adota- só se mete em confusão e não consegue cumprir as tarefas que o bonitão comandante Shang lhe dá.
Cansada de tanta humilhação, Mulan alia inteligência e dedicação para se tornar respeitada. Utilizando o cérebro, consegue livrar seu pequeno e estabanado batalhão de um ataque dos hunos -na mais impressionante sequência do filme, comparável ao estouro da manada de "O Rei Leão". Mas ela ainda esconde o segredo que pode desonrá-la novamente.
A Disney há muito deixou de apresentar pobres donzelas que dependem da ajuda de fadas para conseguir seu máximo objetivo, o príncipe encantado. A Pequena Sereia, Belle e Pocahontas já apresentavam uma certa dose de determinação, mas quase sempre ela estava a serviço de um amor.
Mulan, não. Ela é uma heroína de verdade, que não só luta e combate o machismo de seus pais e colegas, como também é "a" responsável pelos salvamentos. Mas sem perder sua graça. O amor? Bem, ele existe, porém não antes que tudo esteja resolvido.
Com uma heroína assim, personagens de apoio engraçados -Mushu, Gri-li e os três companheiros mais chegados de Mulan no exército-, menos e melhores músicas, a Disney parece voltar ao caminho certo.

Filme: Mulan Produção: EUA, 1998 Direção: Barry Cook e Tony Bancroft Quando: a partir de hoje, nos cines Paulista 2, West Plaza 1, Plaza Sul 3 e circuito


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