São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2005

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Contra "Código", católicos montam ópera sobre vida de Maria Madalena

SOPHIE LAUTER
DA FRANCE PRESSE

Revoltados com o sucesso do best-seller "O Código Da Vinci", os frades dominicanos da região francesa do Var, no sudeste do país, desde 1275 guardiões do sepulcro de Maria Madalena, em Saint-Maxim, contra-atacaram montando um espetáculo lírico.
"Aproveitamos esta onda de atenção da mídia para propor outra imagem de Maria Madalena, mais complexa que a de simples amante ou esposa de Jesus", explicou o frei Jean-Christophe Clair, ex-artista lírico e produtor do espetáculo que estreou em Saint-Maxim, no qual ele próprio representa um papel.
Em 2003, após a publicação de "O Código Da Vinci" nos EUA, os dominicanos desse país advertiram seus pares do Var sobre o fenômeno que estava por vir. Estes últimos, então, fundaram uma associação para criar um espetáculo sobre "a mais resplandecente das mulheres do Evangelho".
O resultado -"Maria Madalena - O Traje Púrpura"- é descrito como um drama lírico e coreográfico de uma hora e 45 minutos de duração, que, em três atos, relata a vida da santa mais célebre da atualidade: sua vida mundana, seu encontro com Jesus e sua passagem pela região provençal.
"O espetáculo não pretende ser uma resposta ponto por ponto a "O Código Da Vinci", que não passa de uma obra de ficção -embora seja espantoso até que ponto se dá crédito a esse livro", advertiu Clair. Para o projeto, ele recrutou a cantora francesa Françoise Masset (que representou "Medéia" na Ópera de Lyon em 2003, sob a direção de Raoul Ruiz) e o diretor Yves Coudray.
O espetáculo se propõe a "evitar o pensamento único sobre Maria Madalena". Foi feito com um orçamento de 175 mil, financiado em parte por subsídios e doações.
Cerca de 1.500 ingressos serão postos à venda para cada uma das três apresentações, ao custo de 20 cada. Clair mandou distribuir 57 mil folhetos de divulgação.
Criticado pelo Vaticano, que o tachou de "um castelo de mentiras", "O Código Da Vinci", do escritor americano Dan Brown, diz que Maria Madalena foi esposa de Jesus e teve um filho dele, além de outros postulados que desencadearam a ira da Igreja. O livro já vendeu mais de 25 milhões de exemplares e está sendo adaptado para o cinema.


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