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Contra "Código", católicos montam
ópera sobre vida de Maria Madalena
SOPHIE LAUTER
DA FRANCE PRESSE
Revoltados com o sucesso do
best-seller "O Código Da Vinci",
os frades dominicanos da região
francesa do Var, no sudeste do
país, desde 1275 guardiões do sepulcro de Maria Madalena, em
Saint-Maxim, contra-atacaram
montando um espetáculo lírico.
"Aproveitamos esta onda de
atenção da mídia para propor outra imagem de Maria Madalena,
mais complexa que a de simples
amante ou esposa de Jesus", explicou o frei Jean-Christophe
Clair, ex-artista lírico e produtor
do espetáculo que estreou em
Saint-Maxim, no qual ele próprio
representa um papel.
Em 2003, após a publicação de
"O Código Da Vinci" nos EUA, os
dominicanos desse país advertiram seus pares do Var sobre o fenômeno que estava por vir. Estes
últimos, então, fundaram uma associação para criar um espetáculo
sobre "a mais resplandecente das
mulheres do Evangelho".
O resultado -"Maria Madalena - O Traje Púrpura"- é descrito como um drama lírico e coreográfico de uma hora e 45 minutos
de duração, que, em três atos, relata a vida da santa mais célebre
da atualidade: sua vida mundana,
seu encontro com Jesus e sua passagem pela região provençal.
"O espetáculo não pretende ser
uma resposta ponto por ponto a
"O Código Da Vinci", que não passa de uma obra de ficção -embora seja espantoso até que ponto se
dá crédito a esse livro", advertiu
Clair. Para o projeto, ele recrutou
a cantora francesa Françoise Masset (que representou "Medéia" na
Ópera de Lyon em 2003, sob a direção de Raoul Ruiz) e o diretor
Yves Coudray.
O espetáculo se propõe a "evitar
o pensamento único sobre Maria
Madalena". Foi feito com um orçamento de 175 mil, financiado
em parte por subsídios e doações.
Cerca de 1.500 ingressos serão
postos à venda para cada uma das
três apresentações, ao custo de
20 cada. Clair mandou distribuir 57 mil folhetos de divulgação.
Criticado pelo Vaticano, que o
tachou de "um castelo de mentiras", "O Código Da Vinci", do escritor americano Dan Brown, diz
que Maria Madalena foi esposa de
Jesus e teve um filho dele, além de
outros postulados que desencadearam a ira da Igreja. O livro já
vendeu mais de 25 milhões de
exemplares e está sendo adaptado
para o cinema.
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