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Garland aborda o mesmo tema
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um certo zeitgeist, uma sincronia de idéias entre "Louis
Drax" e outro livro, ainda não editado no Brasil. Trata-se de "The
Coma", terceiro romance de Alex
Garland, já em processo de tradução, mas ainda sem previsão de
lançamento pela Rocco. Como no
livro de Jensen, o narrador e personagem principal transita entre a
realidade e um estado onírico: o
jovem Carl está em coma, depois
de ter sido atacado por uma gangue, no metrô de Londres.
"Passei muito tempo pensando
em como os sonhos são complicados numa narrativa", disse Garland em entrevista ao jornal britânico "The Guardian". "A sensação de que era um tabu falar de
sonhos foi que me deu um empurrão para escrever o livro."
À época do lançamento, em
2004, a crítica torceu um pouco o
nariz. Houve quem visse no romance, e elogiasse, suas tintas kafkianas. Muitos, no entanto, acharam incômodas as semelhanças
com o roteiro do filme "Extermínio", escrito pelo próprio Garland
e dirigido por Danny Boyle. No
longa-metragem, um rapaz despertava de um coma e descobria
que Londres havia sido devastada
por uma estranha epidemia.
Outros críticos identificaram na
obra uma tentativa frustrada do
autor de sair de um bloqueio: dez
anos depois de lançar o best-seller
"A Praia", e três anos depois de
"O Tesseracto", Garland publicava um livro de 200 páginas, tendo
em 62 delas ilustrações do pai, o
cartunista Nicholas Garland. E
muitos, muitos adjetivos e repetições.
"É uma leitura breve", defendeu-se Garland no "The Guardian". "Acho que não teria funcionado se fosse mais longa. Os
saltos na paisagem mental se tornam frustrantes com o tempo."
Para Liz Jensen, cujo livro foi
lançado quase simultaneamente
com "The Coma", a coincidência
é bem-vinda: "A fronteira entre o
consciente e o inconsciente é um
clássico, uma preocupação atemporal para os escritores. Mas gosto da idéia de sincronia, de estar
contribuindo com o zeitgeist. Especialmente por ser com um autor que eu admiro."
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