São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2005

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Garland aborda o mesmo tema

DA REPORTAGEM LOCAL

Há um certo zeitgeist, uma sincronia de idéias entre "Louis Drax" e outro livro, ainda não editado no Brasil. Trata-se de "The Coma", terceiro romance de Alex Garland, já em processo de tradução, mas ainda sem previsão de lançamento pela Rocco. Como no livro de Jensen, o narrador e personagem principal transita entre a realidade e um estado onírico: o jovem Carl está em coma, depois de ter sido atacado por uma gangue, no metrô de Londres.
"Passei muito tempo pensando em como os sonhos são complicados numa narrativa", disse Garland em entrevista ao jornal britânico "The Guardian". "A sensação de que era um tabu falar de sonhos foi que me deu um empurrão para escrever o livro."
À época do lançamento, em 2004, a crítica torceu um pouco o nariz. Houve quem visse no romance, e elogiasse, suas tintas kafkianas. Muitos, no entanto, acharam incômodas as semelhanças com o roteiro do filme "Extermínio", escrito pelo próprio Garland e dirigido por Danny Boyle. No longa-metragem, um rapaz despertava de um coma e descobria que Londres havia sido devastada por uma estranha epidemia.
Outros críticos identificaram na obra uma tentativa frustrada do autor de sair de um bloqueio: dez anos depois de lançar o best-seller "A Praia", e três anos depois de "O Tesseracto", Garland publicava um livro de 200 páginas, tendo em 62 delas ilustrações do pai, o cartunista Nicholas Garland. E muitos, muitos adjetivos e repetições.
"É uma leitura breve", defendeu-se Garland no "The Guardian". "Acho que não teria funcionado se fosse mais longa. Os saltos na paisagem mental se tornam frustrantes com o tempo."
Para Liz Jensen, cujo livro foi lançado quase simultaneamente com "The Coma", a coincidência é bem-vinda: "A fronteira entre o consciente e o inconsciente é um clássico, uma preocupação atemporal para os escritores. Mas gosto da idéia de sincronia, de estar contribuindo com o zeitgeist. Especialmente por ser com um autor que eu admiro."


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