São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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Crítica/erudito

"Ritmetrias", de Krieger, decepcionaram Campos

IRINEU FRANCO PERPETUO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

Foram 43 concertos, vistos por 80 mil pessoas em sete espaços distintos, e ainda uma programação extra com seis filmes. Apesar das queixas generalizadas de que o turismo em Campos do Jordão teria faturado e movimentado menos neste ano do que em 2005, o Festival Internacional de Inverno, com 154 bolsistas e orçado em R$ 4 milhões, basicamente repetiu os números do ano passado.
Renovada em 60% com relação a 2005, a Orquestra Acadêmica, formada por alunos e professores do evento, também repetiu algo da excelência técnica da edição anterior, quando gravou um CD duplo que acabou vencedor do Prêmio Tim.
Sob regência de Roberto Minczuk, diretor artístico do festival, a orquestra começou sua apresentação de sexta-feira com as decepcionantes "Ritmetrias - Variações Rítmicas sobre um Metro Contínuo", escritas especialmente para a ocasião pelo catarinense Edino Krieger, 78, compositor residente do festival.
"Ritmetrias" soa como um catálogo de ritmos brasileiros, insípido como a leitura em voz alta de uma lista telefônica. Felizmente, a reputação de Krieger já está estabelecida por obras mais relevantes e não depende desta peça fácil de ouvir e mais fácil ainda de esquecer.
Em seguida, veio a suíte do bailado "O Pássaro de Fogo", de Stravinski, que tenciona extremos de dinâmica e coloca em relevo o colorido orquestral.
Refinamento maior nos solos teria sido bem-vindo; de qualquer forma, sob a direção segura de Minczuk, um bombeiro que soube se antecipar continuamente aos perigos de incêndio, os jovens musicistas conseguiram não apenas dar conta das dificuldades, como ainda comunicar algo da força da partitura stravinskiana.
Um dos temas do festival era a música russa, e Minczuk resolveu encerrar a performance com a "Quarta Sinfonia" de Tchaikovski, regida, a exemplo da obra de Stravinski, de cor.
Com relação ao que fez com a peça em seus tempos de Osesp, o maestro mostrou clara evolução técnica e interpretativa, com resposta equivalente da orquestra, na qual brilharam professores do festival que reforçaram o grupo na sinfonia, como Fábio Cury, um fagotista que sabe conferir musicalidade mesmo às passagens aparentemente mais banais.


FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO    

O jornalista IRINEU FRANCO PERPETUO viajou a convite da produção do festival


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