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Crítica/erudito
"Ritmetrias", de Krieger, decepcionaram Campos
IRINEU FRANCO PERPETUO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO
Foram 43 concertos, vistos por 80 mil pessoas
em sete espaços distintos, e ainda uma programação
extra com seis filmes. Apesar
das queixas generalizadas de
que o turismo em Campos do
Jordão teria faturado e movimentado menos neste ano do
que em 2005, o Festival Internacional de Inverno, com 154
bolsistas e orçado em R$ 4 milhões, basicamente repetiu os
números do ano passado.
Renovada em 60% com relação a 2005, a Orquestra Acadêmica, formada por alunos e
professores do evento, também
repetiu algo da excelência técnica da edição anterior, quando
gravou um CD duplo que acabou vencedor do Prêmio Tim.
Sob regência de Roberto
Minczuk, diretor artístico do
festival, a orquestra começou
sua apresentação de sexta-feira
com as decepcionantes "Ritmetrias - Variações Rítmicas
sobre um Metro Contínuo", escritas especialmente para a
ocasião pelo catarinense Edino
Krieger, 78, compositor residente do festival.
"Ritmetrias" soa como um
catálogo de ritmos brasileiros,
insípido como a leitura em voz
alta de uma lista telefônica. Felizmente, a reputação de Krieger já está estabelecida por
obras mais relevantes e não depende desta peça fácil de ouvir
e mais fácil ainda de esquecer.
Em seguida, veio a suíte do
bailado "O Pássaro de Fogo", de
Stravinski, que tenciona extremos de dinâmica e coloca em
relevo o colorido orquestral.
Refinamento maior nos solos
teria sido bem-vindo; de qualquer forma, sob a direção segura de Minczuk, um bombeiro
que soube se antecipar continuamente aos perigos de incêndio, os jovens musicistas
conseguiram não apenas dar
conta das dificuldades, como
ainda comunicar algo da força
da partitura stravinskiana.
Um dos temas do festival era
a música russa, e Minczuk resolveu encerrar a performance
com a "Quarta Sinfonia" de
Tchaikovski, regida, a exemplo
da obra de Stravinski, de cor.
Com relação ao que fez com a
peça em seus tempos de Osesp,
o maestro mostrou clara evolução técnica e interpretativa,
com resposta equivalente da
orquestra, na qual brilharam
professores do festival que reforçaram o grupo na sinfonia,
como Fábio Cury, um fagotista
que sabe conferir musicalidade
mesmo às passagens aparentemente mais banais.
FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO
O jornalista IRINEU FRANCO PERPETUO viajou
a convite da produção do festival
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