São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2007

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REPERCUSSÃO

ARNALDO JABOR, cineasta, em artigo na Ilustrada de 9/08/1994
"Ele é uma espécie de Albert Camus do cinema. Como ele, Antonioni teve uma revolta contra o real. Não se conformou com as convenções de Hollywood que determinavam o ritmo de nossas vidas. (...)Antonioni nos libertou de um mecanismo de defesa contra a morte, que o ritmo dos americanos inventou. A morte fica nua em Antonioni, o mistério, o suspense, o desaparecimento das pistas, a falta de motivo para a tragédia."

CARLOS REICHENBACH, cineasta
"O cinema moderno perde um dos seus ícones, uma das figuras essenciais da modernidade no cinema. O cinema mundial, o cinema como arte moderna, dá um salto fenomenal com o olhar do Antonioni. Não quero atrair o olhar da dona Fatalidade, mas agora, depois das mortes de Bergman e de Antonioni, só sobrou o Godard entre os grandes do cinema moderno. Que tenha muitos anos de vida. E não me ligue amanhã para dar outra notícia desse tipo, pelo amor de Deus."

DOMINGOS OLIVEIRA, cineasta
"O Michelangelo [Antonioni] foi o grande poeta do tédio. Ele é parte de uma geração que trouxe para a discussão cotidiana temas que não pertenciam a ela, dados culturais que mudaram as pessoas. Ele trouxe para a minha geração o tema da náusea, do tédio, foi muito importante. Era um cineasta de uma humanidade candente. É interessante observar que esses grandes cineastas estão morrendo tarde, o que parece mostrar que o bom caráter e a honestidade intelectual rendem frutos."

HECTOR BABENCO, cineasta
"Não está ficando ninguém, estão indo todos os mestres, todas as grandes referências. Para mim, o Antonioni era o perfeito contraponto ao neo-realismo do [cineasta italiano Luchino] Visconti. Cresci tendo na mão esquerda o fascínio pelo Visconti e, na direita, o minimalismo, o silêncio e a profundidade existencial do Antonioni."

JÚLIO BRESSANE, cineasta
Eu estive com ele algumas vezes, inclusive recebi-o em casa aqui no Brasil, fiz um filme chamado "Antonioni e Hitchcock - A Imagem em Fuga" e mostrei a ele. Estou bastante chateado. "Crônica de um Amor" (1950) e, principalmente, "A Dama sem Camélias" (1953) já antecipavam todo o cinema moderno. Foi um dos cineastas mais estudados e admirados da história, mas, apesar do esforço e de algumas tiradas de gênio, infelizmente deixou pouca influência no cinema de hoje, que teve uma queda grande de substância, vive submetido a uma grande tirania. É um dia de luto para o cinema.

NICOLAS SARKOZY, presidente da França
"Antonioni foi um poeta da elegância estilística, do rigor e da pureza. Sua obra está marcada pela dificuldade das relações entre os indivíduos e o mundo. Ele acaba de se unir a Ingmar Bergman além das nuvens."

JOSÉ MANUEL BARROSO DURÃO, presidente da Comissão Européia
"A morte de Michelangelo Antonioni deixa a Europa sem um de seus grandes artistas, alguém que se destacou no desenvolvimento do cinema na Europa e no mundo e cuja busca contínua por novas formas de expressão gerou obras-primas como "Blow Up" e "Zabriskie Point"."

GILLES JACOB, presidente do Festival da Cannes
"Ele foi um alquimista do íntimo, o maior aquarelista do coração que o cinema moderno já conheceu."

THEO ANGELOPULOS, cineasta grego
"[A morte de Antonioni e Bergman] é algo simbólico. Ambos haviam alcançado a plenitude em sua vida e em suas obras."


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