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PRODUÇÃO INDEPENDENTE
Alternativos ganham espaço na TV
BRUNO YUTAKA SAITO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com difusão restrita aos canais
a cabo, a TV USP tem sua rotina
de atrações jornalísticas, como
"PGM" e "Olhar da USP", abalada
por uma produção independente
que atua quase em segredo e tenta
subverter as regras do veículo.
A começar pelo título, "A Revolução Não Será Televisionada"
mostra a que veio: trata-se de referência ao ativista, cantor e poeta
norte-americano Gil Scott-Heron, ícone dos anos 70.
Com engajamento político e
ideológico raramente vistos na
TV, a atração é formada por pequenos esquetes, uma compilação de diversos registros em vídeo
de performances e improvisações
audiovisuais de artistas promissores como Lia Chaia e DJ Maloca. A impressão é de que se assiste
a um experimental vídeo-instalação. "O projeto surgiu para darmos vazão a uma série de trabalhos artísticos que ficam pouco
tempo expostos em museus e que
não têm espaço na TV", explica o
idealizador do programa, Daniel
Lima, 29.
Ele acredita que um programa
com tal título ser exibido justamente na TV não resulta em contradição. "Não queremos destruir
a TV. A idéia é entrar na programação e subverter os conceitos
existentes, é um "movimento temporário de autonomia'", diz Lima.
Para isso, já contam com o apoio
da também guerrilheira editora
Conrad, que lança livros de autores como Raoul Vaneigem.
Lima pretende levar o programa para alguma emissora de
UHF. Tarefa que ele mesmo considera difícil, devido ao risco de
possíveis processos com seu conceito de "sampler de imagens".
"Somos bombardeados constantemente com informações. Por
que, então, não posso usá-las
também?", diz Lima. Com base
em tal raciocínio, o artista usa
imagens de programas -como o
da Xuxa- para criar uma espécie
de videoclipe-manifesto. A revolução é televisionada, mas silenciosamente.
A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ
TELEVISIONADA - hoje, à 1h30, no TV
USP (canal 15 da NET ou 15 e 73 da TVA)
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