São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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CRÍTICA

Em 2º disco, cantora usa o direito de errar, mas não deixa de acertar

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

"Eu tenho o direito de estar errada." É com essa frase que Joss Stone abre "Mind, Body and Soul", álbum que a adolescente-sensação vem declarando à imprensa ser sua estréia de fato. E ela realmente tem razão tanto na consideração que faz em disco quanto no que diz aos jornalistas.
Comecemos pela última afirmação: "The Soul Sessions" (2003) era um conjunto de regravações que homenageava os cânones da soul music dos 60/70. Além da extraordinária voz de Stone e da espontaneidade envolta no projeto, seu sucesso (2,5 milhões de cópias) muito se valeu da atraente história, midiaticamente falando, da linda inglesinha de só 16 anos que seria o espírito redivivo de Aretha Franklin.
Não tardou, porém, para que Joss Stone fosse posta como apenas uma eficiente máquina recicladora de pérolas do gênero. É aí que "Mind" surge como resposta a isso e como sua "estréia de fato".
De suas 14 músicas, 12 são co-assinadas pela garota. E percebe-se um claro esforço para posicionar Stone como uma cantora que não deve nada a qualquer artista do R&B norte-americano de hoje.
No entanto é no afã de atualizar o som da menina que o disco derrapa. "You Had me", o primeiro single, é um genérico de Beyoncé que não diz muito. O reggae frouxo "Less Is More" revela uma tentativa de ampliar o escopo musical de Stone sem abandonar um terreno seguro. E é essa falta de ousadia que acaba sendo o seu "direito de estar errada" que canta em "Right to Be Wrong".
Mas Stone encanta em delícias como "Snakes and Ladders", "Don't Know How" e "Killing Time" (esta escrita com a Portishead Beth Gibbons) e nota-se que várias outras possibilidades poderiam ser exploradas com sua voz. Existe um vulcão adormecido, e a boa notícia é que ainda há tempo para acontecer a erupção.


Mind, Body and Soul
   
Artista: Joss Stone
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 35, em média



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