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"RIOS VERMELHOS 2 - ANJOS DO APOCALIPSE"
Excesso de elementos elimina idéias em seqüência de thriller
PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A discussão sobre o cinema
policial ser um gênero francês ou norte-americano é tão relevante quanto sabermos se foram
os irmãos Wright ou Santos Dumont quem primeiro voou. Na
prática, temos aviões nos céus, filhotes de ambos projetistas.
Do mesmo jeito, o estilo mais
cerebral francês sempre fez ponte
aérea com a pegada mais física
dos americanos. É um fato, entretanto, que Hollywood pilota com
mais sucesso filmes que juntam
ao policial a ação desenfreada. E
que franceses já causaram acidentes graves tentando repetir essa
montanha-russa americana.
Como Luc Besson, que assina o
roteiro de "Rios Vermelhos 2
-Anjos do Apocalipse", continuação que faz poucas pontes entre o
primeiro, dirigido por Matthieu
Kassovitz, que trazia o encontro
inesperado entre dois policiais (e
atores), Jean Reno e Vincent Cassel. Esta seqüência conta apenas
com Reno, desnorteado sob a regência de Olivier Dahan.
Mas é ele, Reno, a coluna vertebral dessa colcha de retalhos que
repete o pior do thriller americano. Logo no início, um padre chega a uma abadia e prega um crucifixo na parede, o que faz com que
jorre sangue pela imagem. Tudo
aponta para algo sobrenatural,
mas o comissário Niemans (Reno) logo constata que, na verdade,
alguém foi emparedado e a pontaria do padre, certeira. Este será o
primeiro de uma série de assassinatos com homens sendo crucificados ou emparedados.
Como em "Rios Vermelhos"
(2000), Niemans vai esbarrar em
outro policial, Reda (Benoît Magimel), que persegue um traficante.
A investigação conjunta leva a um
grupo de cristãos radicais que
acreditam no juízo final.
As pistas e a bizarrice são várias,
e o que vincula a abadia, os fanáticos e os assassinatos é a linha Maginot -a barragem que os franceses construíram às vésperas da
Segunda Guerra, usado aqui como uma montanha-russa. A trama ainda abre a porta para Christopher Lee, no papel de um ministro alemão, cuja presença simbólica já sustentaria qualquer filme.
É quase uma obra "multigênero".
Num cinema narrativo, a dispersão é letal e a enorme carga de
elementos aqui atrofia questões
cruciais, como a religião ser ou
não hoje um veículo de obscurantismo e a crença em uma única raça, preceito nazista, como um fator presente na Europa. Besson
sobrevoa rapidamente as coisas
sem pousar em um assunto que
tire sua obra da superficialidade.
Dahan até consegue pilotar com
coragem "Rios Vermelhos 2",
mas Besson é como um projetista
incauto que compromete seu vôo.
Rios Vermelhos 2 - Anjos do Apocalipse
Les Rivières Pourpres 2 - Les Anges de
l'Apocalypse
Direção: Olivier Dahan
Produção: França/Itália/Reino Unido, 2004
Com: Jean Reno, Christopher Lee
Quando: a partir de hoje nos cines Jardim Sul 6, SP Market 7 e circuito
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