DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das grandes inspirações para o trabalho de Joe Sacco, o escritor Tariq Ali, que lança "Bush na Babilônia" (leia trecho inédito da obra à pág. E9) , disse que conhece e admira os quadrinhos de "Palestina". Leia a seguir trechos da entrevista que o autor concedeu à Folha.
(DA)
 

Folha - Seu livro está sendo lançado no Brasil simultaneamente ao segundo volume de "Palestina", de Joe Sacco. Você conhece essa obra?
Tariq Ali - Conheço bem o trabalho de Joe Sacco. Na verdade deveríamos nos encontrar em um evento em Londres, mas fui chamado de emergência aos Estados Unidos. Sacco é um artista brilhante e promissor. Edward Said adorava "Palestina" e eu concordo com ele. Sacco é um humanista e registra a verdade sem medo.

Folha - Você cita poetas e escritores exilados em "Bush na Babilônia". Acredita em uma solução cultural, em substituição à violenta, para os conflitos do Oriente Médio?
Ali - Poetas e escritores são a consciência da humanidade, mas eles não podem competir com bombas e armas. A violência dos conflitos no Oriente Médio é causada por ocupações violentas e brutais.

Folha - Em seu livro, você reproduz um poema de Nizar Qabbani em que diz apoiar o terrorismo. Há alguma legitimidade em ações de grupos como Hamas, Al-Qaeda e as novas guerrilhas no Iraque?
Ali - O ponto em que Nizar Qabbani quer chegar é que qualquer luta de libertação é denunciada como "terrorista", e ele se recusa a aceitar esse termo. Toda vez que um ataque palestino é reportado na maior parte da imprensa norte-americana aparece completamente dissociado da ocupação sobre as terras palestinas. Se os métodos são legítimos é decisão que só os oprimidos podem tomar.

Folha - Quantas vezes visitou o Iraque?
Ali - Tenho muitos amigos lá. Eles me alertaram para não ir. É perigoso, a menos que você seja um jornalista embutido.


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