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MÚSICA
Irmão de Henfil e Betinho, compositor é relembrado em edição de luxo
Livro reúne canções de Chico Mário
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Chico Mário foi o outro "irmão
do Henfil". Foi ainda um grande
violonista e compositor, morto
aos 39 anos, em 1988, do mesmo
mal que abateu os irmãos Henfil,
cartunista, e Herbert de Souza, o
Betinho, sociólogo: Aids contraída em transfusão de sangue.
Percebendo, há dois anos, que
pouca gente conhece essa história, o pianista Marcos Souza resolveu reuni-la em um livro: "Francisco Mário - Vida e Obra", um livrão modelo luxo.
"Eu me sinto feliz por estar registrando a obra completa dele,
uma obra que só eu toco, praticamente. É um fardo grande. Agora,
mais pessoas podem se interessar
em tocá-la", anseia Souza, 35, que,
pouco depois da morte do pai,
lançou discos inéditos de Chico
Mário e iniciou uma longa batalha pelo seu reconhecimento.
O livro traz partituras de 89
composições, transcritas de maneira simples, só acordes e cifras,
para que qualquer violonista possa tocar -a exceção são as peças
do disco "Dança do Mar", feitas
para quarteto de cordas.
Ainda traz uma cronologia, um
perfil biográfico assinado pela
viúva, Nivia Souza, e quatro CDs
que reúnem todas as gravações de
Chico Mário. Em cada CD, há
dois dos oito discos que ele fez,
sendo que "Tempo", o oitavo, estava até hoje inédito.
Instrumental
"Ficou um disco de voz e violão,
com algumas participações. A
idéia dele era ter mais músicos,
mas não houve tempo. E eu resolvi deixar como está. É fácil perceber a diferença na voz em relação
aos primeiros discos, pois ele já
estava muito fraco", conta Souza.
Nos dois discos iniciais de sua
carreira, "Terra" (1979) e "Revolta
dos Palhaços" (80), Chico Mário
tocava e cantava, escrevendo as
próprias letras ou dividindo parcerias com Aldir Blanc, Fernando
Brant e outros.
Segundo o filho, foi em um
show no México, depois de entusiasmar a platéia com um choro,
que Chico Mário resolveu se dedicar à música instrumental. Fez
"Conversa de Cordas, Couros, Palhetas e Metais" (83), "Pijama de
Seda" (85) e "Retratos" (86).
Em dezembro de 1987, já muito
doente, deixou o hospital para
gravar três discos: "Dança do
Mar", "Suíte Brasil" e "Tempo".
Voltou ao hospital e morreu em
14 de março de 1988.
"Muitas pessoas me dizem que
acham as músicas dele melancólicas, tristes. Eu vejo que ele passou
por várias vertentes e deixou uma
obra diversificada, com composições arrebatadoras", diz Souza,
lembrando que o pai ainda foi um
dos pioneiros da música independente no país.
Souza também está envolvido
em "3 Irmãos de Sangue", documentário de Ângela Patrícia Reiniger sobre Henfil, Betinho e Chico. O filme terá uma primeira exibição, para convidados, na quinta-feira, no cine Odeon BR, no
Rio, e deverá entrar em circuito
em março de 2006.
Francisco Mário - Vida e Obra
Organizador: Marcos Souza
Editora: Sesc Rio Som
Quanto: R$ 195 (224 págs. e quatro
CDs); instituições e bibliotecas podem
encomendar pelo e-mail marcossouza@alternex.com.br
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